Apelos à libertação de Assange frente à Embaixada do Equador, em Londres, no 5.º aniversário da sua detenção.
Apelos à libertação de Assange frente à Embaixada do Equador, em Londres, no 5.º aniversário da sua detenção.BENJAMIN CREMEL / AFP

Biden dá esperança a Assange após cinco anos preso à espera da extradição

Presidente dos EUA disse estar a considerar o pedido da Austrália para desistir das acusações contra o fundador da WikiLeaks.
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"Estamos a considerar.” Estas foram as palavras do presidente dos EUA, Joe Biden, que deram esperança à família de Julian Assange, o fundador de WikiLeaks que foi detido há cinco anos em Londres e aguarda uma decisão sobre a extradição para os EUA. Biden referia-se ao pedido da Austrália, país natal de Assange, para desistir das acusações de espionagem contra ele - pelas quais pode ser condenado a 175 anos de prisão.

A mulher do fundador da WikiLeaks, Stella Assange, considerou “um bom sinal” que os EUA estejam a examinar o pedido australiano. “Parece que as coisas podem finalmente estar a caminhar na direção certa”, disse à BBC. Já os seus advogados, assim como o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, disseram ser “encorajador” ouvir estas palavras de Biden. “Assange já pagou um preço significativo e basta. Não se ganha nada com a contínua encarceração de Assange”, disse Albanese à televisão pública ABC, reiterando que essa é a posição do seu Governo.

O líder trabalhista tinha votado, em fevereiro, a favor de uma moção no Parlamento australiano que pedia o regresso do fundador da WikiLeaks à Austrália - onde nasceu há 52 anos. Albanese tem apelado aos EUA para que desistam do pedido de extradição. Algo que Washington estará a avaliar. A curta declaração de Biden surgiu em resposta a um jornalista, que perguntou se já tinha uma resposta ao pedido australiano. O presidente não disse mais nada.

O fundador da WikiLeaks foi detido pela Polícia britânica a 11 de abril de 2019, depois de viver sete anos na Embaixada do Equador. O país sul-americano tinha-lhe dado asilo político, mas recuou na proteção. Assange tinha-se refugiado na embaixada de Londres, quando estava em liberdade condicional, para evitar ser extraditado para a Suécia por crimes sexuais (acusação que negou e que mais tarde foi retirada).

Quando saiu da embaixada, foi condenado a 50 semanas de prisão por violar as condições da liberdade condicional. Os EUA revelaram então a acusação que tinham pendente contra ele, acusando-o de 17 crimes de espionagem e um de pirataria informática pela divulgação, a partir de 2010, de milhares de documentos classificados. E pediram a sua extradição. 

Os tribunais britânico aceitaram a extradição em 2021, mas Assange ainda não esgotou os recursos - a próxima audiência do Supremo será a 20 de maio, tendo os juízes pedido garantias de que o fundador da WikiLeaks não será condenado à pena de morte e terá direito à liberdade de expressão (só garantida pela Constituição dos EUA a cidadãos norte-americanos).

Barack Obama, numa das últimas decisões antes de sair da Casa Branca, comutou a sentença de Chelsea Manning, a antiga militar que roubou os documentos que acabaram na WikiLeaks, permitindo a sua libertação após cumprir sete anos de prisão.

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