Banco de Inglaterra compra dívida a longo prazo para travar turbulência

O objetivo da decisão do Banco de Inglaterra é "restabelecer as condições normais de mercado", numa altura em que os juros britânicos disparam.
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O Banco de Inglaterra anunciou esta quarta-feira que vai intervir no mercado de dívida, comprando obrigações do Estado para "restabelecer as condições normais de mercado", numa altura em que os juros britânicos disparam.

"O banco vai efetuar compras de obrigações governamentais de longo prazo" a partir de hoje, afirmou o Banco de Inglaterra em comunicado, no qual precisa que a "operação será inteiramente financiada pelo Tesouro".

Em reação, os juros da dívida a 30 anos, que tinham, no início da sessão, atingido máximos de 1998, a 5,14%, recuavam para 4,73%.

Por sua vez, a libra perdia 1,5% face ao dólar, após a intervenção do banco central no mercado obrigacionista.

A intervenção do Banco de Inglaterra foi justificada com "riscos reais para a estabilidade financeira britânica", depois de o novo Governo britânico ter anunciado na passada sexta-feira medidas orçamentais com custos elevados, incluindo medidas de apoio à economia e um corte nos impostos, que causaram perturbação nos mercados.

A libra caiu para um mínimo histórico de 1,0350 dólares na segunda-feira e não conseguiu recuperar desde então.

Os juros da dívida soberana subiram, mas a procura diminuiu.

"O movimento do mercado acentuou-se desde terça-feira e afeta particularmente a dívida de longo prazo. Se esta disfunção do mercado continuar ou piorar, vai causar um risco real para a estabilidade financeira do Reino Unido", adiantou o Banco de Inglaterra.

Os juros das obrigações a 30 anos, que seguiam a 3,5% no início da semana passada, têm vindo a subir. As obrigações a 10 anos, que tinham chegado a 4,59%, o nível mais alto desde 2008, recuaram agora para 4,23%.

O ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, por seu lado, "autorizou o pedido do governador de financiamento da operação, que vai permitir que as condições financeiras permaneçam acessíveis para as famílias e as empresas", indicou o Tesouro num comunicado separado.

Pouco antes, o Tesouro tinha defendido o plano orçamental divulgado na semana passada, apesar das críticas do Fundo Monetário Internacional (FMI), da agência de notação Moody's e da classe política.

A redução de impostos junta-se a um pacote anunciado nas últimas semanas para congelar os preços da energia para famílias e empresas, que está previsto custar 60.000 milhões de libras (68.700 milhões de euros) nos próximos seis meses.

"Agimos rapidamente para proteger as famílias e as empresas neste inverno e no próximo, após subidas sem precedentes dos preços da energia" impulsionados pela guerra na Ucrânia, argumentou o Tesouro, explicando que será apresentado um plano orçamental de médio prazo no dia 23 de novembro.

Notícia atualizada às 13:22

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