Autópsia confirma que reféns na posse do Hamas morreram baleados à queima-roupa
O Instituto Nacional de Medicina Legal de Israel informou este domingo que os seis reféns que estavam na posse do Hamas e foram encontrados mortos na noite de sábado na Faixa de Gaza foram "assassinados" com "vários tiros".
"Os seis reféns foram mortos por terroristas do Hamas com vários tiros disparados à queima-roupa", afirma o Ministério da Saúde israelita.
O exame forense, acrescenta, concluiu ainda que a morte dos quatro homens e duas mulheres terá ocorrido cerca de 48 a 72 horas antes da perícia, ou seja, entre quinta-feira e a madrugada de sexta-feira.
A conclusão do exame, refere a agência EFE, contraria as recentes afirmações do movimento islamita palestiniano Hamas, de que os seis reféns tinham morrido na sequência de bombardeamentos.
O exército israelita confirmou ainda que os corpos recuperados sábado à noite num túnel no sul de Gaza eram de seis reféns que tinham sido raptados pelo Hamas no ataque de 07 de outubro contra Israel, e que provocou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
Atualmente, ainda há 97 reféns em Gaza, mas estima-se que um terço destes já tenha sido morto.
Segundo o porta-voz militar israelita Daniel Hagari, os seis reféns teriam sido mortos pelo Hamas pouco antes de as forças os alcançarem.
Já o Hamas culpou Israel e os Estados Unidos, seu principal parceiro e fornecedor de armas, pela morte dos reféns, afirmando que foram mortos por "bombardeamentos" israelitas.
Corpos de reféns identificados
O exército de Israel anunciara ao início deste domingo ter identificado os corpos de seis reféns recuperados na Faixa de Gaza, sendo eles duas mulheres e quatro homens, incluindo um israelo-norte-americano e um israelo-russo.
Num comunicado, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) disseram que, em conjunto com o Shin Bet, a inteligência doméstica israelita, localizaram no sábado e recuperaram os corpos de seis reféns “de um túnel na zona de Rafah", no sul da Faixa de Gaza.
Cinco dos reféns – com idades entre os 23 e os 32 anos – tinham sido raptados no festival de música Nova techno, durante o ataque surpresa de 7 de outubro contra o sul de Israel, por membros do Hamas.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, já manifestou pesar pela morte destes reféns, afirmando que os assassinatos provam que o Hamas não quer um acordo de cessar-fogo. Netanyahu disse estar de coração partido com a notícia da morte dos reféns, acusou o Hamas de os ter morto a "sangue frio" e disse que Israel vai responsabilizar o grupo.
O governante acusou também o Hamas de ter posto em causa os esforços de cessar-fogo em curso, avançou a agência noticiosa Associated Press (AP). "Quem assassina reféns não quer um acordo", afirmou.
Os críticos em Israel culparam Netanyahu por arrastar as negociações de cessar-fogo, ao passo que o primeiro ministro nega a acusação.
Zat al-Rishq, um alto funcionário do Hamas, culpou Israel e os Estados Unidos da América pela morte dos reféns, dizendo que ainda estariam vivos se Israel tivesse aceitado uma proposta de cessar-fogo com que o Hamas disse ter concordado em julho.
Netanyahu prometeu continuar a guerra até que o Hamas seja destruído, defendendo que a pressão militar é necessária para trazer de volta os reféns.
Divergências entre Netanyahu e o seu ministro da Defesa
O Canal 12 de Israel noticiou que Netanyahu entrou em confronto numa reunião do Gabinete de Segurança, na quinta-feira, com o seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, que o acusou de dar prioridade ao controlo de um corredor estratégico ao longo da fronteira entre Gaza e o Egito - um dos principais pontos de discórdia nas conversações - em detrimento da vida dos reféns.
O Conselho de Ministros terá votado a favor da permanência no corredor, apesar das objecções de Gallant, que disse que isso impediria um acordo sobre os reféns.
Um funcionário israelita confirmou o relatório e disse que, relativamente a três dos reféns - Goldberg-Polin, Yerushalmi e Gat - estava planeado serem libertados na primeira fase de uma proposta de cessar-fogo discutida em julho.
O funcionário não estava autorizado a informar os meios de comunicação social sobre as negociações e falou sob condição de anonimato, indica a AP.
O ministro da Defesa de Israel instou hoje o Conselho de Ministros a reverter a decisão de manter as tropas israelitas na fronteira entre Gaza e o Egito, horas após serem recuperados os corpos de seis reféns de Gaza.
"O Conselho de Ministros deve reunir-se imediatamente e anular a decisão de quinta-feira", disse Yoav Gallant em comunicado, num gesto sem precedentes, de acordo com a agência noticiosa EFE.
Para o ministro, a presença contínua de tropas na fronteira, recentemente exigida pelo primeiro-ministro Netanyahu, é um dos maiores obstáculos a uma trégua com o Hamas.
"É demasiado tarde para os reféns que foram mortos a sangue frio, (mas) temos de recuperar os que ainda estão detidos pelo Hamas", acrescentou o ministro num comunicado.
Após as notícias de hoje sobre a morte dos reféns Ori Danino, Almog Sarusi, Hersh Goldberg-Polin, Carmel Gat, Alexander Lobanov e Eden Yerushalmi, cujos corpos foram encontrados ontem à noite num túnel em Rafah, no sul de Gaza, os familiares dos reféns culparam Netanyahu pelo trágico desfecho.
Biden promete que Hamas vai pagar
O presidente Joe Biden, que se reuniu com os pais de Goldberg-Polin, disse estar "devastado e indignado". "É tão trágico quanto repreensível", lamentou.
"Não se enganem, os líderes do Hamas vão pagar por esses crimes. E nós vamos continuar a trabalhar sem parar para chegar a um acordo que garanta a libertação dos restantes reféns", acrescentou.
A vice-presidente, e candidata presidencial democrata, Kamala Harris também condenou o Hamas.