Atenções viradas para o falhanço do Serviço Secreto no atentado a Trump
O mal-estar entre as forças de segurança devido à tentativa de assassínio de Donald Trump esteve à vista, mas acabou por ser, para já, contido, enquanto prossegue a investigação pelo FBI ao jovem autor do atentado, Thomas Crooks, que foi confrontado por um agente da polícia local momentos antes de ter disparado.
Para aumentar a perplexidade sobre a atuação das forças de segurança, a CNN noticiou que o Serviço Secreto havia reforçado as medidas de vigilância nas últimas semanas, na sequência de informações recolhidas pelos serviços de informações de que o Irão estaria a preparar um atentado contra Trump. As fontes da cadeia televisiva esclarecem não ter encontrado qualquer ligação do atirador de 20 anos a este plano.
Na segunda-feira, o secretário da Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, disse na CNN que “um incidente como este não pode acontecer”, e de seguida, instado a responder se o ocorrido era um “falhanço” do Serviço Secreto (agência sob a dependência da Segurança Interna e responsável pela segurança do presidente, vice e respetivas famílias, bem como de anteriores chefes de Estado), Mayorkas afirmou: “Estamos a falar de um falhanço. Não poderia ser mais claro.” Acontece que a diretora do Serviço Secreto, Kimberly Cheatle, em entrevista à ABC News, afirmou que a segurança do perímetro exterior cabia à polícia de Butler, a localidade na Pensilvânia em que decorreu o comício interrompido a tiros.
Esta aparente desresponsabilização valeu, de pronto, críticas da maior associação policial do país, a Ordem Fraternal da Polícia. “Tratou-se de uma falha ao nível da direção ou do comando, que não conseguiu evitar uma falha óbvia na segurança deste evento”, disse o seu presidente, Patrick Yoes, que ainda classificou os agentes em serviço no local como “heroicos”.
Vídeos publicados, entretanto, nas redes sociais dão conta de que várias testemunhas tentaram alertar as forças de segurança para a presença de uma pessoa no telhado de um edifício fora do perímetro do comício - onde um detetor de metais prevenia a presença de armas - pelo menos minuto e meio antes dos disparos. Ao jornal The Washington Post, o xerife do condado de Butler Michael Slupe disse que um agente espreitou, agarrado com ambas as mãos na beira do telhado, e que teve de voltar para trás porque o atirador apontou-lhe uma arma.
Segundo a entrevista de Cheatle à ABC News, três atiradores da polícia local estavam no interior do edifício cujo telhado foi usado por Crooks para tentar atingir Trump, que estava a cerca de 130 metros.
Perante as críticas gerais, o Serviço Secreto publicou uma declaração a agradecer aos “agentes que correram em direção ao perigo”, tendo terminado a afirmar que as “notícias que sugiram que o Serviço Secreto está a culpar a polícia local pelo incidente de sábado simplesmente não são verdadeiras”.
Depois de o presidente Biden ter ordenado uma investigação independente e de os congressistas terem chamado Cheatle a dar explicações, esta disse “compreender a importância” do escrutínio e mostrou disponibilidade para cooperar.