António Vitorino, presidente do Conselho Nacional para aa Migrações, na Summer CEmp em Miranda do Douro.
António Vitorino, presidente do Conselho Nacional para aa Migrações, na Summer CEmp em Miranda do Douro.

António Vitorino: “A questão das quotas não faz uma política de imigração”

Presidente do Conselho Nacional para as Migrações criticou proposta do Chega e ironizou: “Também podemos fazer um referendo sobre se os portugueses acham que o sol deve brilhar todos os dias.”
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O presidente do Conselho Nacional para aa Migrações e ex-diretor geral da Organização Internacional para as Migrações, António Vitorino, criticou esta quinta-feira a ideia de um referendo sobre a imigração proposto pelo Chega. “A questão das quotas não faz uma política de imigração”, defendeu. 

À chegada ao Summer CEmp, a escola de verão da Representação da Comissão Europeia em Portugal, que decorre até sábado em Miranda do Douro, o ex-comissário europeu antecipou um pouco a mensagem que queria transmitir aos 40 jovens presentes e aos habitantes locais que foram ouvi-lo na sessão junto ao castelo, ao pôr-do-sol. 

“As quotas, como outros instrumentos, são formas de gerir uma política de imigração. Portanto, o que se exige é uma política de imigração a montante de adotar o instrumento”, reforçou, para depois ironizar: “Também podemos fazer um referendo sobre se os portugueses acham que o sol deve brilhar todos os dias.”

Para António Vitorino, a questão de um referendo visto isoladamente é “totalmente inútil”, defendendo um “debate sério sobre a política de imigração que queremos”. Porque, insistiu, “as quotas não respondem a essa questão, que é o grande desafio de todas as sociedades contemporâneas”.

Em relação à política europeia, o presidente do Conselho Nacional para as Migrações admite que não está de acordo com tudo o que está no Pacto das Migrações e do Asilo. Mas considera que este foi “um passo positivo”, porque “se desbloqueou uma situação de impasse que se arrastava há vários anos”. 

“O que é preciso é reconstruir a confiança mútua entre os Estados-membros para uma gestão conjunta da imigração. Porque até aqui o que nós tínhamos visto era um sistema de empurrar para o teu vizinho. Empurrar o problema para o lado, para que ele não seja meu, não é solução. O problema anda às voltas e vai sempre bater às mesmas portas”, referiu António Vitorino, dizendo que os próximos dois anos vão ser decisivos, em que o pacto vai ser aplicado na prática.

“O pacto cria uma oportunidade para ultrapassar essas posições enquistadas e começar a construir uma visão conjunta da imigração”, concluiu.

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