Primeiro-ministro do Sudão detido pelos militares e pressionado a apoiar golpe de Estado
O primeiro-ministro do Sudão, Abdullah Hamdok, foi "detido em casa" pelos militares e pressionado a fazer uma declaração "a apoiar o golpe [de Estado]", disse o ministério da informação sudanês.
"As forças militares conjuntas, que mantêm o primeiro-ministro sudanês Abdullah Hamdok dentro da sua casa, estão a pressioná-lo a fazer uma declaração de apoio ao golpe", disse o ministério numa curta publicação na rede social Facebook.
Entretanto, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres já condenou o golpe levado a cabo pelos militares sudaneses e apelou à libertação imediata do Primeiro-ministro do país. "Eu condeno o golpe militar que está a acontecer no Sudão. O Primeiro-ministro Hamdok e os restantes oficiais do governo devem ser libertados de imediato", escreveu Guterres no Twitter.
Homens armados não identificados detiveram hoje líderes políticos sudaneses.
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As detenções acontecem após semanas de tensão entre as autoridades de transição civil e militar.
A internet foi cortada em todo o país, enquanto manifestantes se concentravam nas ruas da capital, Cartum para protestaram contra as detenções.
Os militares do Sudão, entretanto, tomaram as instalações da rádio e da televisão do Estado em Omdurman, cidade separada de Cartum pelo rio Nilo, indicou hoje o Ministério da Informação que diz estar em curso "um golpe de Estado". "Os funcionários [da televisão] foram retidos", acrescentou o ministério sudanês.
A estação de televisão estatal difunde neste momento um longo concerto de música tradicional.
Estes acontecimentos surgem apenas dois dias após uma fação sudanesa que pedia uma transferência de poder para o Governo civil ter advertido sobre a preparação de um golpe de estado numa conferência de imprensa que uma multidão de pessoas não identificadas procurou impedir.
O Sudão tem estado numa transição precária marcada por divisões políticas e lutas pelo poder desde a expulsão do Presidente, Omar al-Bashir, em abril de 2019.
Desde agosto de 2019, o país tem sido governado por uma administração civil-militar encarregada de supervisionar a transição para um regime totalmente civil.
As tensões entre os dois lados já existem há muito tempo, mas as divisões foram exacerbadas após o golpe falhado de 21 de setembro.
Na semana passada, dezenas de milhares de sudaneses marcharam em várias cidades para apoiar a transferência total do poder para os civis, em resposta a uma concentração rival de vários dias junto ao palácio presidencial em Cartum, na qual se exigia um regresso ao "domínio militar".
Os analistas dizem que as recentes manifestações mostram um forte apoio a uma democracia liderada por civis, mas os protestos de rua podem ter pouco impacto nas fações que pressionam para um regresso ao domínio militar.
Os Estados Unidos expressaram "profunda inquietação" sobre a vaga de prisões de dirigentes civis levadas hoje a cabo pelas forças militares do Sudão.
Os anúncios sobre a tomada do poder pelos militares "vão contra a declaração constitucional (que determinou a transição do país" e as "aspirações democráticas do povo do Sudão", disse o emissário norte-americano para o Corno de África, Jeffrey Feltman.
As últimas informações dão conta da prisão do primeiro-ministro sudanês, Abdallah Hamdok, que foi preso depois de se ter recusado a apoiar o "golpe de Estado", disse o Ministério da Informação do Sudão.
Estes acontecimentos ocorrem dois dias após uma fação sudanesa que pedia uma transferência de poder para o Governo civil ter advertido sobre a preparação de um golpe de Estado.
O Sudão tem estado numa transição precária marcada por divisões políticas e lutas pelo poder desde a expulsão do Presidente, Omar al-Bashir, em abril de 2019.