Minsk liga destacamento de armas nucleares russas a pressão ocidental
"Há dois anos e meio que a Bielorrússia enfrenta pressões sem precedentes por parte dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e dos seus aliados", considerou o Ministério dos Negócios Estrangeiros bielorrusso.
A Bielorrússia vai acolher armas nucleares táticas russas em resposta a uma pressão ocidental sem precedentes, anunciou esta terça-feira o Ministério dos Negócios Estrangeiros bielorrusso.
"Há dois anos e meio que a Bielorrússia enfrenta pressões sem precedentes por parte dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e dos seus aliados", disse a diplomacia bielorrussa num comunicado citado pela agência francesa AFP.
Para Minsk, trata-se de uma "interferência direta e grosseira" nos assuntos internos da Bielorrússia, uma antiga república soviética que é aliada da Rússia na guerra contra a Ucrânia.
As sanções económicas e políticas contra a Bielorrússia são acompanhadas pelo "reforço do potencial militar da NATO" no território dos países vizinhos da Aliança, segundo o Governo de Minsk.
Neste contexto, a Bielorrússia é "forçada a tomar contramedidas", justificou a diplomacia bielorrussa, numa resposta às críticas ocidentais ao anúncio de que a Rússia vai transferir armas nucleares táticas para o país vizinho.
A medida foi anunciada, no sábado, pelo presidente russo, Vladimir Putin.
Os preparativos para a transferência das armas terão início em 3 de abril, segundo Putin.
No comunicado divulgado hoje, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Bielorrússia disse que Minsk não terá controlo sobre as armas nucleares russas.
Defendeu ainda que a transferência destas não contradiz as disposições do tratado de não-proliferação nuclear.
O anúncio de Putin provocou críticas severas do Ocidente, com a NATO (sigla inglesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte) a denunciar uma "retórica perigosa e irresponsável da Rússia".
A União Europeia (UE) ameaçou a Bielorrússia com novas sanções se aceitasse acolher as armas nucleares russas.
Os Estados Unidos também condenaram a medida, mas reiteraram que não tinham motivos para acreditar que a Rússia se preparava para utilizar armas nucleares.
Embora a Bielorrússia não esteja diretamente envolvida no conflito na Ucrânia, Moscovo utilizou o seu território para conduzir a sua ofensiva em Kiev, iniciada em 24 de fevereiro de 2022.
Liderado por Alexander Lukashenko desde 1994, o país vizinho da UE está ligado a Moscovo por um tratado que criou a União da Federação Russa e da Bielorrússia.
O tratado, que atualizou um acordo de 1997, foi assinado por Putin e Lukashenko em 08 de dezembro de 1999.
Putin e outros dirigentes russos têm repetidamente feito ameaças veladas de utilização de armas nucleares na Ucrânia, caso o conflito se agrave significativamente.
As armas nucleares táticas podem ter mais do triplo da potência da bomba atómica lançada pelos Estados Unidos na cidade japonesa de Hiroshima em 1945.
A Rússia tem capacidade para lançar este tipo de armas a partir de navios, aviões e forças terrestres, com um alcance de até 500 quilómetros.
Este armamento é considerado mais destrutivo do que uma ogiva convencional, embora tenha a mesma energia explosiva, e causa contaminação por radiação que afeta o ar, o solo, a água e a cadeia alimentar.