Encontrada pintura rupestre em caverna espanhola feita por Neandertais
Um estudo publicado esta segunda-feira indica que as pinturas rupestres encontradas em estalagmites, numa caverna espanhola, foram feitas por Neandertais, avança a BBC.
Acredita-se que o pigmento de ocre-vermelho encontrado na estalagmite de "Cueva de Ardales", em Espanha, foi aplicado através da técnica do sopro, há mais de 60 mil anos.
O ocre é uma das várias formas de óxido de ferro e o primeiro pigmento conhecido a ser utilizado para pintar.
A arte rupestre alegadamente feita pelos Neandertais tem sido alvo de debate entre a comunidade paleoarqueológica, uma vez que muitos acreditam que os pigmentos se devem à natureza das grutas. Porém, novas análises revelaram que a distribuição e a textura dos pigmentos não correspondem às amostras naturais retiradas das grutas, tendo sido aplicados através do sopro.
Segundo o estudo, os pigmentos foram aplicados em diferentes momentos no tempo, separados por mais de 10 mil anos. "Isto suporta a hipótese de que os Neandertais moveram-se em diferentes ocasiões, ao longo de vários milhares de anos, para marcar a caverna com pigmentos", diz d'Errico, da Universidade de Bordeaux.
Esta nova descoberta evidencia, cada vez mais, que os Neandertais, cuja linhagem se extinguiu há cerca de 40 mil anos, não se reduzem a uma espécie bruta e violenta, tal como são descritos à muito tempo.
A equipa de cientistas alega que os pigmentos na estalagmite "não são arte" no sentido literal da palavra, mas sim "o resultado de grafismos com a intenção de perpetuar o significado simbólico de um espaço".
As pinturas rupestres nas cavernas "desempenharam um papel fundamental nos sistemas simbólicos de algumas comunidades Neandertais", embora o significado desses símbolos continue a ser um mistério.