Amigos e fiéis. Quem faz parte da equipa de Trump?
Secretário de Estado
O nome já circulava há dias e Donald Trump confirmou na quarta-feira à noite: o senador Marco Rubio, da Florida, vai ser o secretário de Estado, responsável pela diplomacia dos EUA.
“Vai ser um forte defensor da nossa nação, um verdadeiro amigo para os nossos aliados, e um guerreiro destemido que nunca recuará perante os nossos adversários”, disse o presidente eleito.
Rubio, ex-adversário de Trump em 2016, chegou desta vez a ser falado como candidato a vice-presidente. É considerado um “falcão” em relação à China, a Cuba (é filho de imigrantes cubanos) e ao Irão, mas é um dos nomeados com experiência na pasta e que pode até ter o apoio dos democratas.
Procurador-geral
É uma das pastas mais importantes na Administração de Trump, tendo em conta a sua história atribulada com a Justiça e os desejos de vingança que expressou.
O congressista Matt Gaetz, da Florida, é o escolhido para o cargo de procurador-geral, apesar de ter sido investigado pelo próprio Departamento de Justiça por tráfico sexual de menores (a investigação terminou sem acusações) e ser alvo de uma investigação do Comité de Ética da Câmara dos Representantes por “má conduta sexual” (suposto sexo com uma menor de 17 anos) e “uso ilícito de drogas”. Ele nega as acusações e entretanto já anunciou a demissão da Câmara, o que poderá travar a divulgação do relatório da comissão.
A nomeação causou choque entre os próprios republicanos.
Inteligência Nacional
De querer ser candidata à presidência pelo Partido Democrata em 2020 à Casa Branca de Trump em 2024. A ex-congressista pelo Havai Tulsi Gabbard é a escolhida para diretora da Inteligência Nacional, com o presidente eleito a voltar a dar prioridade às pessoas que lhe são leais, em vez de olhar para a experiência.
Defesa
Muitos olharam para o Congresso à procura de pistas sobre quem seria o próximo chefe do Pentágono, mas Trump olhou para a televisão. Pete Hegseth, veterano de guerra e apresentador da Fox News, foi o escolhido.
O autor do livro A guerra contra os guerreiros: por detrás da traição dos homens que nos mantêm livres (tradução literal), de 44 anos, tem-se mostrado contra os programas que promovem a diversidade e inclusão nas Forças Armadas - apelidados de “woke” pelos republicanos.
Põe também em causa o papel das mulheres em postos de combate e defende perdoar os militares acusados de crimes de guerra. A escolha de Hegseth não sossega aqueles que temem uma purga no topo do setor da Defesa, já que ele defende a demissão do chefe do Estado-maior Conjunto das Forças Armadas, o general Charles Q. Brown Jr., e de todos envolvidos nesses programas “woke”. Críticos temem a politização das Forças Armadas.
Segurança Interna
A governadora do Dakota do Sul, Kristi Noem, chegou a ser pensada para candidata a vice-presidente. Nessa altura, gerou polémica uma das histórias contadas nas suas memórias - de como tinha matado a tiro um cachorro de 14 meses indisciplinado.
O cargo de vice-presidente acabou nas mãos de J.D. Vance, mas a história não afasta Noem da futura Administração. Será a secretária para a Segurança Interna, crucial para a agenda de imigração de Donald Trump - trabalhará ao lado do “czar das fronteiras”, Tom Homan. Será também a responsável pela resposta a catástrofes naturais e pelo Serviço Secreto (que ficou em causa após o atentado contra Trump).
Eficiência Governamental
O bilionário Elon Musk e o empresário Vivek Ramaswamy, ex-adversário que se tornou num dos grandes apoiantes de Trump, vão liderar o novo Departamento de Eficiência Governamental.
Apesar do nome, este departamento não fará parte da Administração, tendo como objetivo cortar na burocracia governamental mas, principalmente, cortar dois biliões de dólares no orçamento do Governo Federal e restruturar as Agências Federais dos EUA.
O presidente eleito disse que “este será o ‘Projeto Manhattan’ do nosso tempo”, referindo-se ao programa que permitiu produzir a primeira bomba atómica.
Segurança Nacional
O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, responsável por manter Trump informado e coordenar a ação das diferentes agências nesta área, será o congressista Mike Waltz, veterano das Forças Especiais do Exército dos EUA.
Diretor da CIA
O ex-congressista John Ratcliffe, que foi diretor dos serviços de inteligência nacional no primeiro mandato de Trump, será desta vez o diretor da CIA.
O presidente eleito elogiou o seu trabalho a “expor o falso conluio com a Rússia como uma operação da campanha de [Hillary] Clinton” e a “falar a verdade” sobre o computador de Hunter Biden, filho do presidente Joe Biden.
Médio Oriente
Trump nomeou o investidor no setor do imobiliário (e seu parceiro de golfe) Steven Witkoff como enviado especial para o Médio Oriente. Será “uma voz pela paz”, afirmou.
Trump também já disse que o ex-governador do Arkansas, Mike Huckabee, será o futuro embaixador em Israel. “Ele ama Israel e o povo de Israel, e da mesma forma, Israel ama-o”, indicou. Huckabee disse em 2017, no colonato de Ma’ale Adumim, que “a Cisjordânia ocupada não existe” e também já disse “que não existe isso de palestinianos”.
"Czar das fronteiras"
Para organizar a maior deportação de imigrantes ilegais na história dos EUA, Trump nomeou Tom Homan, que já tinha sido diretor interino dos Serviços de Imigração e Alfândega no primeiro mandato.
Ficará responsável “pelas fronteiras da nossa Nação” (não é só a fronteira com o México) e “a deportação dos imigrantes ilegais de volta ao país de origem”, anunciou o presidente eleito nas redes sociais.
Homan, que foi um dos defensores da política de separar pais e filhos na fronteira, disse numa entrevista à Fox News que o exército não vai andar a fazer a recolha dos imigrantes ilegais e que o processo será feito pelos agentes dos Serviços de Imigração de “forma humana”.
Embaixadora dos EUA na ONU
O cargo foi oferecido à congressista de Nova Iorque Elise Stefanik, que chegou a ser falada como potencial vice-presidente e tem pouca experiência em questões de política externa.
“A Elise é uma lutadora do América Primeiro incrivelmente forte, dura e inteligente”, disse o presidente eleito.
Stefanik, que defendeu vigorosamente Trump durante os processos de impeachment e apoiou a sua candidatura ainda antes de ele a oficializar, ganhou destaque a questionar os reitores das universidades norte-americanas após os protestos anti-Israel nos campus - dois acabaram por se demitir.
Tem sido uma forte crítica das Nações Unidas, que acusa de antissemitismo, tendo pedido uma “reavaliação total” da forma como os EUA financiam a ONU.
Agência de Proteção Ambiental
Trump nomeou Lee Zeldin, um dos seus amigos mais próximos e antigo representante do estado de Nova Iorque.
"Vai garantir que são tomadas decisões de desregulação rápidas e justas que impulsionarão a força das empresas americanas, mantendo ao mesmo tempo os mais elevados padrões ambientais", justificou o futuro presidente republicano.
Em reação, Zeldin disse estar "honrado" por se juntar ao executivo de Trump.
Chefe de gabinete
Foi o primeiro nome a ser conhecido. Donald Trump escolheu, como já era previsto, a codiretora da sua campanha Susie Wiles para sua chefe de gabinete na Casa Branca.
É a primeira vez que uma mulher vai ocupar este cargo. Wiles, de 67 anos, tem décadas de experiência política, muita da qual na Florida - ajudou o então empresário Rick Scott a chegar a governador no espaço de sete meses (agora é senador) e, em 2015, liderou a campanha de Trump no estado (que ele viria a ganhar).
Em comunicado, o republicano disse que Wiles é “forte, inteligente, inovadora e é universalmente admirada e respeitada”, lembrando que o ajudou “a conseguir uma das maiores vitórias na História da América”. Habituada a estar nos bastidores, Wiles é creditada por todos por ter dirigido a campanha mais disciplinada e bem executada de Trump.
Equipa da Casa Branca
Stephen Miller, defensor da política de mão dura contra a imigração, foi nomeado chefe do gabinete adjunto para questões políticas e conselheiro de Segurança Interna. Miller está com Trump desde a campanha para as primeiras presidenciais, tendo sido um dos seus mais próximos conselheiros, além de escrever muitos dos seus discursos. Foi uma presença constante também nesta última campanha.
O presidente eleito nomeou também já outros cargos dentro da Casa Branca, chamando pessoas que trabalharam ao seu lado na campanha. Todos terão o cargo de assistentes do presidente.
Dan Scavino, que começou por ser caddy num dos campos de golfe de Trump e na primeira passagem do republicano pela Casa Branca foi diretor para as redes sociais, será adjunto sem pasta.
O diretor político da campanha James Blair será adjunto para os Assuntos Legislativos, Políticos e Públicos. Já Taylor Budowich será chefe do gabinete adjunto para as Comunicações e Pessoal.
“O Dan, o Stephen, o James e o Taylor foram os ‘melhores conselheiros’ na minha campanha vencedora e sei que servirão honrosamente o povo americano na Casa Branca”, disse Trump em comunicado. “Continuarão a trabalhar arduamente para tornar a América grande novamente nas suas respetivas novas funções.”