Bombeiros apagam o fogo após a queda de um rocket do Hezbollah.
Bombeiros apagam o fogo após a queda de um rocket do Hezbollah.EPA/GIL NECHUSHTAN

“Algum progresso” para cessar-fogo no Líbano, apesar de chuva de rockets

Hezbollah reivindica ataque que deixou pelo menos sete feridos em Israel e alega não ter recebido qualquer proposta nova para uma trégua. Termina na quarta-feira ultimato dado por Biden para a entrada de mais ajuda em Gaza, onde tanques israelitas voltaram a avançar em Nuseirat.
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O chefe da diplomacia israelita, Gideon Saar, admitiu esta segunda-feira “algum progresso” nas negociações para um possível cessar-fogo no Líbano, apesar de o Hezbollah ter alegado que não recebeu qualquer nova proposta para uma trégua. O grupo xiita libanês reivindicou contudo os ataques com quase duas centenas de rockets contra o norte de Israel, cujos estilhaços deixaram pelo menos sete pessoas feridas.

Saar, que deixou claro que a guerra ainda não acabou, explicou que está a negociar com Washington e que a principal dificuldade é garantir que o acordo de cessar-fogo é cumprido. Israel quer ver o Hezbollah para lá do Rio Litani (que fica a cerca de 20 quilómetros da fronteira entre os dois países) e garantir que não será capaz de se rearmar, nomeadamente através da Síria.

Neste último ponto, Saar acredita que Moscovo pode ter uma palavra a dizer, estando presente no terreno desde que enviou tropas para ajudar o presidente Bashar al-Assad na guerra civil síria. “Se eles estiverem de acordo com esse princípio, acredito que poderão contribuir efetivamente para esse objetivo”, indicou aos jornalistas em Jerusalém, um dia depois de o ministro da Defesa, Israel Katz, dizer que o seu país tinha “derrotado o Hezbollah” e agora tinha de manter a pressão para “semear os frutos da vitória”.

Apesar da expectativa do lado israelita, o Hezbollah disse desconhecer qualquer proposta. “Há um grande movimento entre Washington e Moscovo e Teerão e um número de capitais”, afirmou numa conferência de imprensa, citada pela Al Jazeera, um responsável do Hezbollah. “Penso que ainda estamos na fase de testar as águas e apresentar ideias iniciais e discussões proativas, mas até agora não há nada concreto”, acrescentou Mohammad Afif, indicando que nem o grupo xiita, nem o Governo libanês estão a par de uma proposta.

Entretanto, uma chuva de mais de 165 rockets abateu-se sobre o norte de Israel, tendo alguns sido intercetados pelo Exército e outros caído na zona de Karmiel. O Hezbollah reivindicou o ataque, alegando ter como alvo uma base de treino militar. Haifa foi outro dos alvos do grupo xiita libanês. 

Segundo o jornal The Times of Israel, pelo menos sete pessoas ficaram feridas por causa de estilhaços, incluindo uma bebé de 1 ano. Israel respondeu atingindo os lançadores de rockets  e de mísseis. O Governo libanês anunciou, por seu lado, a morte de sete pessoas (incluindo crianças) num ataque israelita em Saksakiyeh. 

Sem esperança em Gaza

Se a possibilidade de um cessar-fogo está a ser discutida no Líbano, na Faixa de Gaza não há essa esperança - no domingo o Qatar deixou a equipa de mediação, criticando que não haja “vontade e seriedade” nem de Israel, nem do Hamas em chegar a um acordo.

Os tanques israelitas voltaram a avançar esta segunda-feira no campo de refugiados de Nuseirat, em Gaza, com os bombardeamentos durante a noite a matarem pelo menos 11 pessoas no enclave palestiniano - um balanço do Governo controlado pelo Hamas. Entretanto, na cimeira conjunta da Liga Árabe com a Organização para a Cooperação Islâmica, que decorre em Riade, o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, exigiu a Israel que acabe a agressão militar e condenou o “massacre cometido contra o povo palestiniano e libanês”.

Para segunda-feira à noite estava marcada uma reunião do ministro dos Assuntos Estratégicos israelita, Ron Dermer, com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, em Washington. Isto numa altura em que se aproxima o fim do ultimato dado pelo presidente Joe Biden a Israel para garantir a entrada de ajuda na Faixa de Gaza, sob pena de um corte na ajuda militar norte-americana. Um corte que, a confirmar-se, será temporário, eventualmente revertido após a tomada de posse de Donald Trump, em janeiro. 

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