Alemanha junta-se a Malta e Luxemburgo na legalização da canábis
Desde o primeiro minuto de abril que os alemães maiores de idade são livres para consumir, armazenar e cultivar canábis, embora com limitações. A nova lei foi contestada pela polícia e por especialistas de saúde pública.
“Finalmente podemos mostrar-nos, já não temos de nos esconder”, disse Henry Plottke, membro da Associação Alemã de Cânhamo (DHV), em declarações à agência alemã dpa. Já à AFP, Niyazi, de 25 anos, destacou ter agora “um pouco mais de liberdade”. Plottke e Niyazi estiveram entre os 1500 que se reuniram junto das Portas de Brandeburgo, em Berlim, para comemorar a legalização da droga, na noite de domingo. A partir de agora, qualquer adulto pode transportar até 25 gramas de canábis para consumo próprio; em casa, pode armazenar o dobro. Além disso pode cultivar três plantas para cultivo doméstico.
No que respeita às regras de consumo público, as únicas interdições estão relacionadas com os menores de idade e as instalações desportivas - longe de ambos. Mas também não é permitido fumar marijuana nas zonas pedonais entre as 7 e as 20 horas. A grande novidade da legalização na Alemanha é a entrada em vigor de clubes que vão cultivar e comercializar a erva. Este passo será dado a partir de julho, e tem como restrição o número de membros, 500.
A Alemanha junta-se a Malta e Luxemburgo, os únicos países europeus que legalizaram o cultivo e consumo de canábis para fins recreativos. O seu consumo está também descriminalizado em Portugal, Espanha, Bélgica, Países Baixos, Suíça e República Checa.
O social-democrata Karl Lauterbach, ministro da Saúde, defendeu a nova lei, ao afirmar que é “melhor para uma verdadeira luta contra a dependência, para a prevenção das crianças e dos jovens e para combater o mercado negro”. O liberal Marco Buschmann, ministro da Justiça, defende a medida porque esta vai aliviar o sistema judicial e a polícia, que “poderão concentrar-se em crimes ainda mais relevantes”, embora tenha previsto um “aumento pontual da carga de trabalho”.
Do outro lado da barricada, profissionais de saúde e polícias mostram-se preocupados. Os primeiros, pelo efeito que poderá ter nos jovens, os agentes da autoridade porque perderam a dita. “Do nosso ponto de vista, a lei, tal como está redigida, é um desastre”, disse à AFP a terapeuta Katja Seidel, que trabalha num centro de dependência de canábis para jovens em Berlim. Os especialistas alertam que o consumo de erva entre os jovens pode afetar o desenvolvimento do sistema nervoso central, aumentando do risco de psicose e de esquizofrenia. O Sindicato da Polícia Alemã (GdP), por seu lado, diz que vai “reinar a incerteza” na aplicação da lei.