Afeganistão: Talibãs a 50km de Cabul e Boris convoca reunião de crise

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, convocou uma reunião de crise do Governo sobre o avanço dos talibãs no Afeganistão, anunciou um porta-voz de Downing Street.

O avanço dos talibãs, que continuaram a conquista de mais capitais de província no Afeganistão, levou o Reino Unido a anunciar na quinta-feira à noite o envio, nos próximos dias, de cerca de 600 militares para retirar os cidadãos britânicos daquele país.

Os Estados Unidos também anunciaram o envio de milhares de soldados para Cabul para retirar diplomatas e outros cidadãos norte-americanos face ao avanço rápido dos rebeldes em direção à capital afegã.

Os talibãs conquistaram já esta sexta-feira (13) Pul-e-Alam, a capital da província de Logar, situada a apenas 50 quilómetros a sul de Cabul, depois de Lashkar Gah, capital da província de Helman, Kandahar, a segunda cidade do Afeganistão e capital da província com o mesmo nome, Feroz Koh/Chaghcharan, capital de Ghor, e Tirin Kot, capital do Uruzgan.

Os rebeldes controlam agora quase metade das capitais das 34 províncias afegãs, todas conquistadas em apenas oito dias.

Os talibãs lançaram a ofensiva em maio com o início da retirada final das tropas norte-americanas e estrangeiras, a qual deverá estar concluída até 31 de agosto.

O ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, criticou a decisão norte-americana de retirar as suas tropas do Afeganistão, seguida pelas forças da NATO.

"Não era o momento certo, nem a decisão certa a tomar, pois provavelmente a Al-Qaida vai voltar", declarou Wallace à emissora Sky News, declarando-se "preocupado" com o que constitui "uma ameaça" para a "segurança e interesses" britânicos.

O ministro britânico criticou em particular o acordo de retirada inicial assinado em Doha em fevereiro de 2020 entre o ex-presidente norte-americano Donald Trump e os talibãs, considerando que foi um "erro, cujas consequências provavelmente todos iremos pagar".

Alemanha reduz a "mínimo absoluto" pessoal da embaixada em Cabul

A Alemanha vai reduzir "ao mínimo absoluto" o pessoal da sua embaixada no Afeganistão, anunciou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas, face ao avanço e à conquista dos talibãs de diversas cidades afegãs.

Numa breve declaração aos jornalistas, Maas sublinhou que a retirada do pessoal diplomático da embaixada em Cabul será efetuada nos próximos dias, através de voos fretados.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros já tinha avisado na quinta-feira que todos os alemães que se encontrem no Afeganistão devem deixar o país o mais rapidamente possível.

Para o efeito, Berlim solicitou a todos os cidadãos alemães que utilizem "urgentemente" as possibilidades existentes nas companhias aéreas regulares.

O anúncio de hoje é o terceiro nos últimos três dias feito por Berlim relacionado com a situação no Afeganistão.

Na quarta-feira, o Ministério do Interior alemão anunciou a suspensão temporária das expulsões programadas de imigrantes afegãos.

Ofensiva dos talibãs já fez 3,3 milhões de deslocados no país

A ofensiva dos talibãs no Afeganistão, que está a conquistar rapidamente os centros urbanos do país, já causou 3,3 milhões de deslocados no país, alertou hoje a Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR).

Só desde maio, foram contabilizados 250 mil deslocados, dos quais 80% são mulheres e crianças, avançou hoje a porta voz da ACNUR Shabia Mantoo em conferência de imprensa.

A este número somam-se mais 150 mil pessoas que tiveram que deixar as suas casas entre janeiro e maio, referiu.

"O número de vítimas nas hostilidades é enorme", afirmou Mantoo, que advertiu que o Afeganistão "está a caminho de sofrer o pior número anual de mortes de civis em conflito de que a ONU tem registo".

Numa altura em que os talibãs já controlam várias das capitais de província do país, incluindo a segunda maior cidade do país, Kandahar, e ameaçam Cabul, a porta-voz lembrou que a ONU "pede um cessar-fogo permanente e uma solução negociada para o bem do povo afegão".

Paquistão e talibãs reabrem fronteira vital para o comércio afegão

O governo paquistanês e os talibãs reabriram hoje o posto fronteiriço de Chaman-Wesh, considerado um ponto de passagem estratégico entre os dois países, que está sob controlo dos rebeldes no lado afegão desde há um mês.

"O Paquistão e os talibãs concordaram ontem [quinta-feira], numa reunião, em abrir a fronteira, pelo que esta foi reaberta hoje", disse Fazal Khan, um oficial de segurança no posto de Chaman, à agência EFE. A fonte não elaborou os termos acordados pelas partes para a reabertura do posto fronteiriço.

A reunião ocorreu depois de um "cidadão afegão de 56 anos ter morrido de ataque cardíaco enquanto esperava no portão para entrar no Afeganistão", disse Khan.

A morte do afegão originou uma manifestação de cerca de 10.000 pessoas na quinta-feira, e de 30.000 hoje, disse a mesma fonte contactada pela EFE.

Os protestos resultaram em confrontos entre as forças de segurança paquistanesas e milhares de pessoas à espera de atravessar a fronteira, acrescentou.

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