O vice-presidente do Brasil quer que, depois de 25 anos, Mercosul e União Europeia se entendam e fechem acordo económico, finalmente, durante a cimeira do bloco sul-americano, a decorrer em Montevideu, entre ontem, 5, e hoje, 6. “É um acordo importante, que está maduro. Há uma resistência de agricultores da França, que são contra, mas o Brasil é favorável e acho que o Mercosul também será favorável”, disse Gerald Alckmin que, além da vice-presidência, detém a pasta do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do governo liderado por Lula da Silva..Lula, aliás, está na capital uruguaia onde já se encontra também Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia. Mas, assim como o chefe de Estado brasileiro, também o homólogo argentino Javier Milei, crítico do Mercosul, participa da cimeira, o que vem sendo visto como “desconforto” para Lula e para Yamandu Orsi, político de centro-esquerda recém-eleito presidente uruguaio. No Paraguai, quarto membro do bloco, governa Santiago Peña, de direita..“É um acordo ganha-ganha, é bom para o Mercosul, é bom para a União Europeia e bom para o planeta, para o mundo. Na geopolítica mundial, isso mostra o fortalecimento do multilateralismo, evita a radicalização, aproxima os países, abre o mercado”, continuou Alckmin em entrevista à CNN Brasil..Mauricio Lyrio, embaixador e secretário de Assuntos Económicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, tem a mesma opinião e está otimista em relação à conclusão do acordo, apesar da oposição da França e de outros países com forte pendor agrícola do bloco europeu. “O que pretendemos é chegar à conclusão das negociações neste ano. Estamos esperançosos”, afirmou, sobre um acordo que visa reduzir as tarifas de importações de mais de 90% dos bens comercializados entre o bloco..Tereza Cristina, senadora que foi ministra da Agricultura de Jair Bolsonaro, também é favorável. “Eu acho que o acordo é bom. Acordo é acordo, todo o mundo tem que ceder em algumas coisas”, disse ela, que participou das negociações em 2019. “Nós devemos ter uma lei que não é para protecionismo mas para fazer justiça, para que nós também tenhamos as mesmas ferramentas que eles têm lá para proteger o nosso mercado e a nossa legislação”, disse..Para a senadora, o setor agropecuário sempre foi um ponto de preocupação para os europeus, “devido à competitividade dos países do Mercosul na produção de carne e grãos” mas “o acordo traria vantagens para a UE que teria uma oportunidade de exportar produtos, como vinhos e serviços, para um mercado de 300 milhões de pessoas na região do Mercosul”.