O Governo israelita continuava esta terça-feira (19 de agosto) a analisar a proposta de cessar-fogo feita pelos mediadores do Qatar e do Egito que foi aprovada pelo Hamas, Uma resposta é esperada até sexta-feira. O plano é, segundo o Qatar, “quase igual” a um do enviado-especial da Casa Branca para o Médio Oriente, Steve Witkoff, que Israel na altura aprovou. Mas as prioridades do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, mudaram.“A política de Israel é consistente e não mudou. Israel exige a libertação de todos os 50 reféns, de acordo com os princípios estabelecidos pelo gabinete para o fim da guerra. Estamos na fase final da derrota decisiva do Hamas e não deixaremos nenhum refém para trás”, indicou um responsável israelita, sob anonimato. Mas o primeiro-ministro ainda não veio a público rejeitar a proposta em cima da mesa. O acordo aceite pelo Hamas prevê a libertação de dez reféns vivos (haverá apenas 20 num total de 50 ainda na Faixa de Gaza) e a devolução de 18 cadáveres em troca de um cessar-fogo de 60 dias. Até aqui nada de novo em relação ao plano de Witkoff, apresentado ao Hamas no final de maio, já depois de ter tido a luz verde de Netanyahu. Mas, desde então, o primeiro-ministro aprovou o novo plano para assumir o controlo total da Faixa de Gaza, a começar pela cidade de Gaza. Numa reunião do Gabinete de Segurança foram estabelecidos os cinco objetivos que têm que ser cumpridos para terminar a guerra: o segundo ponto, depois de desarmar o Hamas, é a libertação de “todos” os reféns. Os outros pontos são a desmilitarização do enclave palestiniano, assumir o controlo da segurança do território e estabelecer uma administração civil alternativa ao Hamas e à Autoridade Palestiniana. Apesar de o ponto sobre os reféns não dizer que “todos” têm que ser libertados de uma só vez, Netanyahu tem-se mostrado contra qualquer proposta que preveja apenas uma libertação faseada, como até agora. E tem sido pressionado pelos membros de extrema-direita da sua coligação a não aceitar um acordo - dizem que um cessar-fogo agora seria uma “rendição”. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Majed Al Ansari, lembrou contudo que a proposta inclui “um caminho para um acordo abrangente para pôr fim à guerra”. E que as negociações neste sentido, e para a libertação dos restantes reféns, começariam no primeiro dia de cessar-fogo (tal como previsto no acordo de Witkoff). Al Ansari recusou entrar nos pormenores do que está em cima da mesa, admitindo que a proposta é “98%” semelhante à do enviado-especial. “É uma continuação desse processo. Obviamente, o diabo está nos detalhes”, indicou. A libertação dos 28 reféns na primeira fase do cessar-fogo implicaria a libertação de prisioneiros palestinianos. Se na proposta inicial seriam mais de mil, agora serão 150 a 200 já condenados (além de um número não especificado de mulheres e crianças). E a entrada de mais ajuda humanitária no enclave. Israel acusou esta terça-feira (19 de agosto) as Nações Unidas de mentirem em relação aos números da que já entrou na Faixa de Gaza. Dizem que já entraram 183 toneladas e não só as 87 toneladas contabilizadas pela ONU.A proposta de cessar-fogo inclui ainda a retirada das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) da Faixa de Gaza, sendo que no passado a discussão entre Hamas e Israel foi sobre o tamanho da zona-tampão. Os israelitas queriam ir até aos 1,2 quilómetros, enquanto o Hamas não cedia a 800 metros. Agora parece aceitar até um quilómetro, segundo alguns media. .Israel diz que pressão levou Hamas a aceitar acordo de cessar-fogo .Na segunda-feira (18 de agosto), quando se soube que o Hamas tinha aceitado a proposta, as autoridades israelitas disseram que só o tinha feito porque estava “sob pressão” diante da nova ofensiva. A qualquer momento é esperada uma nova ordem de evacuação para a cidade de Gaza, que marcará o intensificar das operações das IDF na zona. Só esta terça-feira (19 de agosto), segundo os dados da Al-Jazeera com base nos números fornecidos pelos hospitais e que não distinguem entre civis e militantes, 51 palestinianos terão morrido em ataques israelitas..Guerra diplomática: Netanyahu diz que Albanese é "um político fraco que traiu Israel”.Netanyahu acusa Macron de antissemitismo