Bombeiro resgata um coala após incêndios que destruíram milhares de hectares na Austrália
Bombeiro resgata um coala após incêndios que destruíram milhares de hectares na AustráliaDavid Mariuz/EPA

Abate de centenas de coalas por atiradores em helicópteros abre polémica na Austrália

A ação foi decidida como uma medida para poupar ao sofrimento dezenas de coalas feridos após os incêndios florestais, mas está a ser criticada por associações de defesa animal.
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As autoridades do estado australiano de Victoria estão no centro de uma polémica que tem motivado duras críticas de organizações de defesa animal, após a morte de cerca de 700 coalas, abatidos a tiro numa operação conduzida por atiradores em helicópteros no Parque Nacional Budj Bim. A ação, levada a cabo como uma medida de "eutanásia", terá provocado a morte indiscriminada de fêmeas e o abandono de dezenas de crias, conhecidas como joeys.

A ação foi decidida como uma medida para poupar ao sofrimento dezenas de coalas feridos, desnutridos ou desidratados após os incêndios florestais que destruíram mais de 2 mil hectares do parque. No entanto, especialistas e ativistas argumentam que é impossível avaliar com precisão a condição dos animais a partir do ar, o que pode ter levado ao abate de coalas saudáveis e de mães com crias.

“A utilização de tiros de helicóptero deve ser um último recurso, nunca o padrão para este tipo de ações”, reclama a organização Friends of the Earth Melbourne, que exige a suspensão imediata do abate e o acesso de observadores independentes à área afetada. “Esta é a primeira vez que coalas são abatidos a tiros de helicóptero na Austrália. É um precedente ético perigoso.”

A operação foi conduzida com acesso restrito: estradas foram bloqueadas e câmaras de vigilância instaladas, impedindo que equipas de resgate animal atuassem na região. Isso levantou sérias preocupações sobre a sobrevivência de crias cujas progenitoras foram abatidas.

O grupo Koala Alliance classificou o episódio como "desprezível e cruel", alertando que os joeys órfãos correm risco de morrer de fome ou exposição ao frio.

O governo de Victoria defende a sua posição. A líder estadual, Jacinta Allan, afirmou que a decisão foi tomada com base em avaliações ambientais e recomendações veterinárias: “Era necessário agir diante do sofrimento extremo dos animais.”

A polémica reforça o debate sobre a urgência da proteção dos coalas na Austrália. A espécie já está considerada ameaçada em regiões como Queensland e Nova Gales do Sul, pressionada pela desflorestação, pela expansão de plantações de eucalipto e pelo aumento dos incêndios florestais.

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