Uma criança ferida chora no pário do Hospital dos Mártires de Al-Aqsa.
Uma criança ferida chora no pário do Hospital dos Mártires de Al-Aqsa.Eyad BABA / AFP

93 mortos num ataque a escola, que Israel diz que escondia base do Hamas

Segundo as contas das Nações Unidas, 21 escolas foram atingidas pelos bombardeamentos israelitas no espaço de pouco mais de um mês. Comunidade internacional condena a morte de civis.
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Em pouco mais de um mês, pelo menos 21 escolas que serviam de refúgio a deslocados palestinianos na Faixa de Gaza foram atingidas por bombardeamentos israelitas, causando a morte a 274 pessoas, segundo os cálculos das Nações Unidas. O último alvo foi o complexo da escola de Al Tabae’en, em Gaza, onde funcionava uma mesquita, que foi atingida durante a oração de manhã. Há pelo menos 93 mortos, entre os quais 11 crianças e seis mulheres, de acordo com as autoridades locais, controladas pelo Hamas.

Israel confirmou o ataque, alegando ter atingido um centro de comando “ativo” deste grupo terrorista palestiniano e da Jihad Islâmica Palestiniana dentro da mesquita no complexo da escola, onde se encontravam pelo menos 19 operacionais que foram mortos. Lembrou também que o Hamas usa os civis como escudos humanos, contestando o número de mortos. “De acordo com uma análise preliminar, os números publicados pelo gabinete de comunicação do governo em Gaza - que atua como braço de comunicação do Hamas - são exagerados e não correspondem à informação disponível nas IDF [Forças de Defesa de Israel], às munições precisas usadas e à precisão do ataque”, indicou o exército israelita.

Segundo o porta-voz da agência de defesa civil palestiniana, Mahmoud Bassal, pelo menos 350 famílias estão refugiadas no complexo. Tanto o andar superior, onde estão alojadas, como o inferior, da mesquita, foram atingidos. Em declarações à AFP, Bassal disse que “os corpos foram dilacerados” em imagens que “lembram os primeiros dias da guerra na Faixa de Gaza”.

O Hamas falou de um “crime horrível” e de uma “escalada perigosa” da situação, menos de um dia depois de Israel aceitar retomar, a partir da próxima quinta-feira, as negociações para uma trégua na Faixa de Gaza. A decisão de voltar à mesa das negociações surgiu após pedidos dos mediadores - EUA, Qatar e Egito -, numa altura em que se tenta evitar que o conflito alastre ainda mais. Israel ainda está à espera da resposta do “eixo da resistência”, liderado pelo Irão, à morte do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, numa explosão em Teerão.

O Irão apelidou o ataque deste sábado de “genocídio, crime de guerra e crime contra a humanidade”. O chefe da diplomacia, Nasser Kanani, alegou que a única maneira de lidar com o “regime brutal é com uma ação firme e decisiva por parte dos países islâmicos e amantes da liberdade do mundo, com um apoio prático à nação palestiniana e às suas lutas legítimas e resistência contra a ocupação e agressão”. Já o grupo xiita libanês Hezbollah, outro dos membros do “eixo de resistência”, convocou “movimentos e protestos” contra Israel.

A condenação pelo ataque veio também do Ocidente. “Horrorizado com imagens de uma escola em Gaza atingida por um ataque israelita, com alegadamente dezenas de vítimas palestinianas. Pelo menos 10 escolas foram visadas nas últimas semanas. Não há justificação para estes massacres”, escreveu o chefe da diplomacia europeu, Josep Borrell. Os EUA disseram-se “profundamente preocupados” com as mortes civis, insistindo na necessidade de um cessar-fogo. Também França, Reino Unido e Espanha criticaram os ataques.

“Lamentamos e condenamos a oposição do ministro [Bezalel] Smotrich - contra o interesse do povo israelita - a um acordo. Um cessar-fogo é a única forma de pôr fim à matança de civis e garantir a libertação dos reféns”, acrescentou Borrell no X. Em causa uma publicação nas redes sociais do ministro das Finanças israelita, de extrema-direita, que disse que a proposta de cessar-fogo promovida pelos EUA era “um acordo de rendição”.

susana.f.salvador@dn.pt

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