Grupo internacional critica "conferência de doadores" em África e afirma que esta "não existe"
A Oxfam criticou hoje a "actividade diplomática" francesa, após Paris ter anunciado a realização de uma importante conferência de doadores, hoje em Nairobi, para ajudar o Corno de África, que na realidade "não existe". Em comunicado, citado pela agência AFP, a organização não-governamental lembra que a realização de uma importante "conferência de doadores" na capital queniana foi anunciada na segunda-feira em Roma pelo ministro da Agricultura francês, Bruno le Maire, aquando da sua participação na reunião de emergência na sede da Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO) sobre a situação na região do Corno de África. Le Maire explicou na altura que a conferência serviria para fazer o "balanço sobre o avanço das doações" da comunidade internacional e conceder o "apoio financeiro indispensável para a ONU e as organizações não-governamentais que trabalham no local". "Nos últimos dias, o governo francês, particularmente o ministro da Agricultura, levou a cabo uma intensa actividade diplomática para resolver a crise alimentar no Corno de África (...), e anunciou a realização de uma importante conferência de doadores hoje em Nairobi", salienta o comunicado. "O problema: essa conferência não existe", comenta a Oxfam, e questiona se a actividade diplomática desenvolvida por Paris nos últimos dias "não será apenas uma cortina de fumo para esconder a falta de envolvimento financeiro". A porta-voz do Gabinete da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), em Nairobi, Rita Maingi, já tinha esclarecido na terça-feira à agência noticiosa EFE que não se tratava de uma conferência, mas de "uma reunião de doadores ordinária, que decorre todos os meses e que não é pública". De acordo com as Nações Unidas, serão necessários 1100 milhões de euros no próximo ano, e 300 milhões nos próximos dois meses, para acudir à tragedia humanitária que assola sobretudo o sul da Somália, mas também Quénia, Etiópia, Djibuti, Sudão e Uganda. A seca que se vive actualmente no Corno de África, a pior dos últimos 60 anos, já provocou dezenas de milhares de mortos e constitui uma ameaça para cerca de 12 milhões de pessoas na Somália, no Quénia, na Etiópia, no Djibouti, no Sudão e no Uganda.