Malala fez 18 anos mas quer continuar a ser a voz das crianças
Quando aos 18 anos já se ganhou o Nobel da Paz, o que mais se segue? Para Malala Yousafzai, que no dia 12 chegou à maioridade, não há dúvidas: "Não deve haver um limite de idade para se falar em nome das crianças." E é isso que faz a ativista paquistanesa que em 2012 se tornou mundialmente famosa após ter sido baleada pelos talibãs a caminho da escola e ter não só sobrevivido como decidido fazer sua a luta pelo direito à educação de todas as crianças do mundo. Uma missão que lhe valeu o Nobel e que quis cumprir até no dia do 18.º aniversário, que celebrou com as meninas de uma escola para refugiadas no Líbano.
"Hoje, no meu primeiro dia como adulta, em nome das crianças do mundo, peço aos líderes políticos que invistam em livros em vez de balas", afirmou Malala numa sala de aulas decorada com desenhos e borboletas. A ONG Malala Fund, que apoia projetos locais ligados à educação pelo mundo fora, é o principal financiador desta escola no vale Bekaa, junto à fronteira entre o Líbano e a Síria. A guerra neste último país já fez mais de quatro milhões de refugiados desde 2011, 1,2 milhões dos quais fugiram para o Líbano. Entre eles, meio milhão são crianças em idade escolar, só um quinto das quais tem aulas.
É o caso das alunas desta escola, que receberam Malala com canções e um bolo de aniversário. Sobre que conselhos lhes deu, a ativista - que estava no autocarro escolar quando foi baleada na cabeça por militantes talibãs - garantiu: "Elas são maravilhosas. Não precisam de ouvir mensagens porque já perceberam que a educação é o mais importante."
Fiel à sua luta para dar uma educação a todas as crianças do mundo, dias antes Malala pediu um investimento de 39 mil milhões de dólares (36 mil milhões de euros) por ano para garantir o acesso de todas as crianças do mundo ao ensino superior. "Se nove anos de educação não chegam para os vossos filhos, também não chegam para o resto das crianças do mundo", afirmou a ativista em Oslo, diante de centenas de delegados, entre eles o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
A viver e a estudar no Reino Unido, onde recebeu tratamento médico após o ataque dos talibãs, Malala ainda tem dois anos de estudos pela frente antes de entrar para a universidade. Mas já parece ter uma ideia concreta sobre o seu destino quando o momento chegar. "Estou interessada em História e Economia, por isso devo ir para Oxford", disse à Reuters, antes de lembrar, a rir, todos os títulos honoríficos que já recebeu de universidades de todo o mundo. Outro sonho de Malala é regressar ao Paquistão. E a política é uma carreira que a rapariga não coloca de parte. A própria já confessou que gostaria, um dia, de ser primeira-ministra no seu país, seguindo as pisadas da mulher que a inspira, Benazir Bhutto. Chefe do governo paquistanês entre 1988 e 1990 e de novo entre 1993 e 1996, Benazir foi assassinada pelos talibãs em 2007 em plena campanha eleitoral.