Freakloset. Foi você que pediu um par de sapatos à carta?

Não encontrava o que queria no mercado, tratou de fazer. Joana criou uma marca de sapatos em que pode escolher até a cor da sola
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Foram mais de 30 testes entre diferentes peles, neoprene e solas. Os sapatos que Joana Lemos, 25 anos, tem calçados, têm sola verde. Mas não é só isso que os torna diferentes: a sola, a cor da pele, a cor do neoprene que compõe o calcanhar e dos atacadores foram escolhidas pessoalmente por Joana, fundadora da Freakloset, marca de sapatos personalizados que acaba de entrar no mercado.

Joana queria estudar Medicina mas não entrou na universidade e a mãe decidiu que um ano parada era demasiado tempo. Mudou-se para Lisboa para estudar Gestão e, menos de um ano depois, já tinha decidido não repetir os exames nacionais para voltar a candidatar-se a Medicina. No segundo ano do curso, o marketing foi amor à primeira vista: acabou a licenciatura, fez voluntariado em Moçambique e decidiu depois continuar a estudar marketing na ESAD, em Barcelona.

A razão de criar um negócio deste tipo era simples: sentia a necessidade de ter acesso a uma marca que permitisse adaptar pequenos detalhes dos sapatos que queria para ela mas, ao olhar para o mercado, percebeu que todas as marcas que existiam de personalização, ou eram demasiado específicas - permitiam personalizar qualquer detalhe, cada centímetro do sapato -, o que tornava o processo muito confuso, ou eram demasiado limitadas.

“Queria encontrar um meio-termo. Ter escolha e poder fazer o que quero mas também não ficar baralhada ao ponto de estar quatro horas a escolher um par de sapatos”, recorda. Depois do mestrado, em 2012, sentia que gostava do projeto mas duvidava que algum dia o iria levar avante. “Até porque toda a gente me dizia que uma pessoa, para abrir uma empresa, teria de ter experiência de trabalho. Eu achava que nunca iria aventurar-me assim”, conta. Mas havia outra coisa que lhe chamava a atenção: perdia horas a trabalhar o design em coisas pequenas como... as capas dos trabalhos do curso. “Não fazia muito sentido.” Por isso, acabadas as aulas de mestrado, mudou-se para Nova Iorque para estudar design gráfico na Parsons School of Design.

“Literalmente, mudou a minha vida do dia para a noite, se eu soubesse tinha feito mais cedo”, confessa. O regresso a Portugal coincidiu com a apresentação da tese em Barcelona e com os primeiros esboços de modelos de sapatos, feitos em fevereiro de 2014, que apresentou na defesa do trabalho final. Quando voltou, em conversa com o mentor - que insistiu para que continuasse a trabalhar a marca -, decidiu experimentar. “Comecei a redesenhar o projeto como se fosse para andar para a frente e, ao mesmo tempo, andava à procura de emprego.” Trabalhou dois meses na agência e, em setembro do ano passado, registou a Freakloset e começou a trabalhar a tempo inteiro na marca.

Os primeiros contactos com fornecedores, os planos e os orçamentos para as duas feiras internacionais onde a marca já foi apresentada e todas as restantes decisões foram tomadas, durante nove meses, na sala da casa de Joana. Ao seu lado teve Diogo Simões, 25 anos, responsável pelas finanças da empresa, e o namorado, Frederico Cardoso, designere coautor da primeira coleção.

“A Freakloset é uma marca que pretende reinventar os clássicos do calçado dando-lhes um twist contemporâneo: pegamos em estilos como o Oxford e o Loafer, que existem há 100 ou 200 anos e que continuam a existir porque têm uma linha simples e adaptável, e juntamos-lhes materiais improváveis”, diz. Na primeira coleção foi integrado o neoprene nos calcanhares dos sapatos, o que, segundo Joana, lhes confere uma sensação de extraconforto. O vinil é a estrela da segunda coleção. Mas não é só pelo conforto que a marca quer conquistar clientes.

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Joana Lemos (ao centro), fundadora da Freakloset, com Arianne Amores e Diogo Simões.
(Diana Quintela / Global Imagens)[/caption]

“A ideia surgiu do facto de eu achar que passava demasiado tempo a escolher a roupa e os sapatos que usava. Todas as mulheres dizem isso e não faz sentido porque, de facto, temos muita roupa para vestir, mas muitas vezes poucas peças clássicas e simples que façam a ligação”, conta, acrescentando que sentia falta desses clássicos também no caso dos sapatos.

“Dar essa liberdade do estilo de cada um, mantendo essa estética muito simples e muito clean. Geralmente, nestes clássicos, a palmilha é muito fina porque os sapatos são muito justos ao pé. Estivemos meses com as modelações porque queríamos sapatos grossos e confortáveis por dentro e com estética justa por fora. [...] Além disso, quando comunicamos conforto, as pessoas remetem para o ortopédico e não tem nada que ver. Queríamos agarrar nesses problemas e tentar resolvê-los discretamente”, sublinha Joana.

Com um investimento de 80 mil euros para começar o negócio, que esperam recuperar nos próximos quatro anos, a equipa da Freakloset - que agora conta também com Arianne Amores no design - vai lançar apenas três dos dez modelos criados no arranque da loja, também com modelos fixos que terão preços inferiores. Por agora, o site da Freakloset está em pré-venda. No próximo ano, a marca quer trabalhar nos EUA. As vendas para a Europa estão disponíveis a partir de meados de novembro, a empresa estará pronta para fazer as primeiras entregas de sapatos da linha fixa. A entrega dos sapatos da linha personalizada - que custam entre 250 e os 340 euros -demora entre 10 e 15 dias. Siga a Freakloset no Facebook.

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