Fim do Windows 7 leva venda de computadores a crescer sete anos depois

Microsoft terminou suporte ao antigo sistema operativo. Empresas optaram por atualizar parque informático para evitar problemas.
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Desde 2012 que a espiral descendente das vendas mundiais de computadores não parava. No último ano, devido à aproximação do fim do suporte da Microsoft ao Windows 7, o cenário alterou-se e, quase inesperadamente, o mercado voltou a crescer.

É o que mostram as contas da consultora IDC, que no último trimestre de 2019 registou uma subida de 4,8% nas remessas mundiais de computadores desktop, portáteis e workstations para 71,8 milhões de unidades. A consultora considerou, no relatório preliminar do sector, que 2019 acabou por ser um ano “impressionante”, sendo o primeiro a registar crescimento depois de uma longa travessia do deserto: 2011 tinha sido o último ano positivo para o mercado dos computadores.

“Este ano que passou foi de loucos no mundo dos PC, o que resultou num crescimento de mercado impressionante que acabou com sete anos consecutivos de contração”, declarou Ryan Reith, vice presidente da unidade que monitoriza o segmento de dispositivos na IDC. No total, venderam-se 266,69 milhões de computadores, um crescimento anual de 2,7%.

“O mercado ainda tem desafios pela frente, mas este ano foi um sinal claro de que a procura por PC existe apesar da insurgência contínua de formatos emergentes e a procura por computação móvel”, considerou Ryan Reith.

A reviravolta deveu-se, em grande parte, à corrida das empresas para migrar o seu parque informático antes do prazo final da Microsoft, cujo suporte ao Windows 7 foi descontinuado esta semana. Com o último pacote de atualizações ao sistema operativo, a fabricante norte-americana concluiu o ciclo de vida do sistema e todos os que continuarem a usá-lo estão expostos a riscos severos de segurança, a não ser que paguem pelo programa de atualização de segurança alargada (ESU) até 2023.

Segundo as contas da IDC, as empresas optaram por comprar novos PC e acorreram aos três principais fabricantes mundiais de computadores, Lenovo, HP e Dell, que foram os mais beneficiados pelo crescimento em 2019. O trio consolidou o seu domínio do mercado, conseguindo uma quota combinada de 65% do bolo total.

A Lenovo assumiu a liderança isolada com 24,3% de quota e 64,76 milhões de unidades vendidas. A marca chinesa foi a que mais cresceu no ano todo, subindo 8,2% em relação a 2018, ano em que tinha dividido o topo com a HP.

Desta vez, os norte-americanos ficaram em segundo, apesar de uma subida de 4,8% nas vendas para 62,90 milhões de computadores, o que lhes permitiu aumentar a quota de mercado para 23,6%. A fechar o pódio, a Dell Technologies teve um incremento robusto de 5,4% e ficou com uma quota de 17,5% do mercado, ao vender 46,54 milhões de computadores.

O resto da tabela mostra desempenhos menos impressionantes. Em ano de recuperação do mercado, a Apple não conseguiu aproveitar e viu os computadores Mac perder gás, caindo 2,2% para 17,68 milhões de unidades e apenas 6,6% de quota. Logo abaixo ficou a Acer, cujas vendas de 17,02 milhões de computadores denotaram uma quebra de 4,6% e o encolhimento da quota de mercado para 6,4%. Os outros fabricantes, que surgem agrupados numa única fatia na lista da IDC, tiveram uma quebra conjunta de 3,1%, totalizando 57,7 milhões de unidades.

Apesar das variações entre marcas, praticamente todas as regiões apresentaram desenvolvimentos positivos. Além do impacto das migração para Windows 10, os números também subiram por causa do alívio de problemas que vinham assombrando o mercado, nomeadamente as dificuldades logísticas com a disponibilidade de processadores (CPU) da Intel, porque a adoção de CPU da AMD ajudou, disse a IDC.

A consultora notou que, na região EMEA (Europa, Médio Oriente e África), o mercado de computadores tradicionais teve um bom momento no ano passado e que os fabricantes foram capazes de assegurar os componentes necessários e obtiveram crescimentos sólidos - de um dígito apenas, mas melhor que em anos anteriores.

A questão agora é o que se vai passar depois de a migração do parque informático para Windows 10 estar completa. Jitesh Ubrani, diretor de pesquisa da IDC, avisa que os próximos 12 a 18 meses serão desafiantes para os PC tradicionais, precisamente porque o efeito Windows 7 estará ultrapassado. Além disso, é preciso ter em conta as negociações de trocas comerciais que estão a acontecer entre vários blocos geográficos, desde os Estados Unidos e China ao Reino Unido pós-brexit, e a continuidade dos problemas no fornecimento de chips da Intel, que ainda não resolveu os problemas de fabrico que tem tido. “Embora novas tecnologias como o 5G e dispositivos com ecrãs duplos e dobráveis, paralelamente ao crescimento dos PC de jogos, devam alavancar as vendas”, disse Ubrani, “isso demorará algum tempo a acontecer.”

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