Vicente Garção e Leonor Pereira, fundadores da Lampsy Health
Vicente Garção e Leonor Pereira, fundadores da Lampsy Health

Lampsy vigia epilepsia com IA num candeeiro

Startup portuguesa captou investimento para validar e certificar um dispositivo médico com IA que deteta crises epilépticas, e acelerar a entrada na Europa, em 2026.
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A startup portuguesa da área da saúde Lampsy Health anunciou um investimento de 230 mil euros liderado pela Fundação Ageas e que contou com a participação das business angels Susana de Sousa e Ellie Asgari. Criada por Vicente Garção e Leonor Pereira, fundadores, e Joana Pinto, que anteriormente co-fundou a Clynx Health, a Lampsy Health desenvolveu um dispositivo integrado num candeeiro que usa IA para detetar ataques epilépticos.

Vicente Garção explica ao Dinheiro Vivo que desde o início que têm feiro um esforço contínuo para envolver doentes e profissionais de saúde em todas as fases do desenvolvimento do dispositivo. “Na realidade, a ideia surgiu por parte dos profissionais de saúde da unidade de monitorização de epilepsia do Hospital de Santa Maria, que reconheceram a necessidade de melhores soluções para acompanhar os pacientes em casa”, confessa. “O que temos ouvido por parte de profissionais de saúde é principalmente o reconhecimento da importância deste tipo de soluções para diminuir a ansiedade dos pacientes e dos seus cuidadores, e da importância de manter uma taxa de falsos alarmes baixa, que não incomode o utilizador no dia-a-dia.” Ainda segundo o cofundador da Lampsy Health, pais e pacientes têm revelado interesse na solução particularmente relativamente à possibilidade de receber alertas para crises perigosas que aconteçam à noite, onde não conseguem ter tanta vigilância.

Este projeto, com forte componente tecnológica de base, é uma spin-off do Instituto de Telecomunicações e do Instituto Superior Técnico. Os líderes da Lampsy Health esperam que este aparelho inovador possa chegar a pessoas com epilepsia no mercado europeu já no início de 2026.

Nesta fase, decorre o processo de certificação o Lampsy como dispositivo médico de classe I na União Europeia. “Este processo requer alguma documentação e validação clínica, mas relativamente pouca quando comparado a dispositivos de classe mais elevada, que aportam mais riscos para os utilizadores”, explica Vicente Garção, prevendo a conclusão da parte principal desse processo em outubro. “A nível logístico, o nível de validação clínica que queremos atingir, com centenas de pacientes, é desafiante. Para isso temos a sorte de colaborar com várias equipas médicas – de todos os hospitais públicos em Lisboa que monitorizam doentes com epilepsia – Hospital de Santa Maria, Hospital Egas Moniz, Hospital de São José, Hospital D. Estefânia, Hospital São Francisco Xavier e Hospital Amadora-Sintra”, adianta o cofundador. “Desafiante é também a tarefa de partilhar este projeto com as pessoas que necessitem dele.”

Em comunicado enviado aos jornalistas, a Lampsy afirma que a Fundação Ageas reconheceu nesta startup uma “oportunidade de criar impacto significativo, alinhado com a sua estratégia de investimento em soluções de saúde e bem-estar com elevado potencial de crescimento”. Em relação às business angels Susana de Sousa, especialista em customer experience, e Ellie Asgari, médica no Reino Unido, reconhecem a “forte componente tecnológica e a relevância global do problema que a Lampsy Health procura resolver”.

Este investimento irá permitir, precisamente, à Lampsy Health validar o produto com mais pacientes, finalizar o seu desenvolvimento, e certificá-lo como dispositivo médico na UE. Até ao final deste ano, a startup pretende levantar mais cerca de um milhão de euros junto de investidores portugueses e internacionais.

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