Bling Energy. Solução de energia renovável para poupar na conta
MIGUEL RIBEIRO FERNANDES

Bling Energy. Solução de energia renovável para poupar na conta

Com a missão de democratizar o acesso às energias renováveis, a Bling Energy leva para casa dos consumidores painéis solares, baterias e carregadores de carros elétricos por subscrição, sem custo inicial para o cliente. A startup promete poupanças desde o primeiro dia.
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As energias renováveis assumem um papel central na sustentabilidade ambiental, económica e social. São cada vez mais as soluções verdes que chegam às casas das famílias, que contribuem individualmente para a redução das emissões de gases poluentes, sem dependência dos combustíveis fósseis e que, no limite, já garantem autossuficiência nos consumos energéticos domésticos.

Estes são fatores mais do que suficientes para estimular a inovação tecnológica, especialmente das startups. Exemplo disso é a Bling Energy, que entrou no mercado com este propósito, através de soluções de subscrição de produtos de eficiência energética, como painéis solares, baterias solares, carregadores de veículos elétricos e, muito em breve, bombas de calor. “Fazemos a instalação em casa do cliente e permitimos, com o modelo de subscrição, que não tenha de comprar estes equipamentos, evitando investimentos altos à cabeça”, explica ao Dinheiro Vivo o CEO, Bernando Fernandez. “Assim, o cliente começa a poupar desde o primeiro dia, sem necessidade de um investimento inicial.”

A Bling Energy defende que, mais do que uma prestação com valores abaixo da fatura de eletricidade, esta é uma solução as-a-service, ou seja, um serviço a longo prazo para o cliente, que inclui acompanhamento contínuo, monitorização e manutenção dos equipamentos. “O contrato tem um termo fixo de 20 anos, sabendo que os equipamentos muitas vezes têm garantias de 25 anos. Esta abordagem permite que a mensalidade seja o mais baixa possível”, explica o fundador da startup. Para Bernardo, faz cada vez mais sentido que a produção energética ocorra no próprio local de consumo, com alternativas mais limpas, eficientes e acessíveis para o cliente final. A inspiração para o projeto surgiu ao observar este modelo de negócio em mercados mais desenvolvidos, como os Estados Unidos, e ao perceber que, em Portugal, apesar do enorme potencial solar, “não havia oferta suficiente, e principalmente não existia uma proposta que eliminasse a barreira financeira, que é um grande obstáculo.” A Bling, enquanto conceito, começou a ser desenvolvida em 2022, num período de exploração do mercado e das soluções existentes, com o objetivo de identificar o modelo ideal para Portugal. Bernardo formou-se em Gestão e, logo após concluir a licenciatura, trabalhou durante dez anos no estrangeiro. Passou por Timor-Leste, quando a Portugal Telecom ainda lá operava, seguiu para França e terminou no Reino Unido. Uma boa parte desse tempo foi passada em Londres, onde se dedicou a investimentos no setor da energia e das infraestruturas. Esta experiência foi determinante para o desenvolvimento do seu próprio projeto. Seguiu o percurso clássico do empreendedor: despediu-se e, com uma ideia em mente, começou a materializá-la gradualmente. “Os primeiros meses foram o que os ingleses chamam de bootstrapping, ou seja, avançámos com recursos próprios”, recorda. “Durante 2023, começámos a estabelecer contratos e a realizar as primeiras instalações, enquanto trabalhávamos numa ronda de investimento que nos permitiu angariar o primeiro milhão de euros no verão de 2023.”

Nessa ronda pre-seed (para captar investimento numa fase inicial) levantaram um milhão de euros para aplicar estrategicamente no mercado nacional. Há uma grande oportunidade cá e há uma falta de oferta”, justifica Bernardo o interesse explicando que no nosso país as casas com painéis solares representam apenas 6 a 7% do total, enquanto há mercados onde este valor se situa nos 20, 30% e noutros, como na Califórnia, a caminho dos 50%. “Há muito trabalho a ser feito cá e nós temos estado a escalar a nossa operação, tanto a parte comercial como também a parte técnica de instalação, para dar resposta a este crescimento”, acrescenta.

Passado um ano, fizeram uma segunda ronda, no valor de dois milhões de euros, com o objetivo de este ano se focarem em Portugal e, depois sim, iniciarem um processo de internacionalização. “Vamos começar a trabalhar para entrar num país europeu. Temos alguns em mente”, revela. “O mercado espanhol é interessante, mas acreditamos que outros países podem fazer mais sentido, como França ou Itália.” Apesar da expansão planeada, Bernardo considera que o mercado português continua a ser dos mais atrativos. “Para terem uma ideia, em Portugal uma pessoa recupera o seu investimento em painéis solares duas a três vezes mais rapidamente do que na Alemanha. E, no entanto, na Alemanha há muito mais instalações”, exemplifica.

O crescimento do setor tem também impulsionado novas soluções energéticas, que não dependem apenas da instalação de equipamentos, como os painéis solares ou os carregadores para veículos elétricos. Na gestão destes equipamentos é que está a chave para se alcançar maior eficiência e menor custo. “O cliente tem acesso a toda a informação em tempo real sobre quanto está a produzir e a consumir, e pode também direcionar parte dessa eletricidade, por exemplo, para o carregador elétrico”, explica Bernardo. “Estamos a desenvolver serviços que permitam uma gestão inteligente do consumo doméstico, utilizando a eletricidade armazenada nas baterias em momentos estratégicos e tirando partido dos preços mais baixos da rede.” A Bling fechou o último ano com uma faturação de cerca de um milhão de euros. Em 2025, pretende duplicar a equipa para 50 a 60 colaboradores, aumentar a base de clientes de 500 para três a quatro mil e crescer a faturação até seis vezes mais. A estratégia da empresa assenta num modelo de negócio que aposta na eficiência, na poupança e na oferta de energia limpa, eliminando barreiras financeiras para o consumidor. Para breve está também o alargamento da oferta a clientes empresariais.

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