Falta de estratégia de sustentabilidade “é perda competitiva da empresa face aos seus pares”

Falta de estratégia de sustentabilidade “é perda competitiva da empresa face aos seus pares”

Ignorar os riscos e oportunidades ligados à sustentabilidade, biodiversidade e economia circular é um erro das empresas, segundo a partner da Deloitte Inês Santos Costa.
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O novo Protocolo Global de Circularidade do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), que está a ser promovido na Semana do Clima em Nova Iorque, teve a participação da Deloitte Portugal. A colaboração internacional tem como objetivo ajudar as empresas a calcularem a sua pegada de carbono e a desenvolverem planos carbono zero, integrando as medidas no centro do seu modelo de negócio. Não o fazer é um risco estratégico para o futuro e uma perda de oportunidades, segundo disse ao Dinheiro Vivo a ex-secretária de Estado do Ambiente e atual partner da Deloitte Portugal, Inês Santos Costa. 

“Este é um trabalho que pode ajudar as empresas a perceber melhor qual o seu nível de maturidade em matéria de circularidade e que novas oportunidades podem desbloquear integrando princípios de economia circular, quer seja no seu produto, quer seja no seu serviço, quer seja no seu modelo de negócio”, afirmou. O protocolo do WBCSD “é um marco e um projeto muito importante para a área de sustentabilidade.”

Com novas regras europeias ao nível do reporte de impacto ambientais e sociais das empresas, este é um momento propício para alterar modelos de negócio e pensar na sustentabilidade como uma oportunidade, não uma tarefa ou um custo. 

“Vai existir uma série de diretivas e de regulamentos que vão ter implicações grandes em empresas que queiram colocar o seu produto no mercado europeu”, salientou Inês Santos Costa, olhando para lá da diretiva de reporte CSRD. “É muito importante que as empresas nacionais comecem a estar mais atentas a este pipeline, porque pode ter sérias implicações para o seu negócio”, continuou. A pressão sobre as cadeias de valor, com solicitações que antes não existiam, obrigará as empresas portuguesas a estarem preparadas sob pena de poderem ficar de fora das redes de fornecimento. 

“É um risco, não é algo para ser levado de ânimo leve”, frisou a partner da Deloitte. A especialista frisou que este é um imperativo independentemente de serem negócios B2B ou B2C. 

“Do ponto de vista estratégico preocupa-me aquilo que, sendo relevante para o negócio das empresas, elas ainda não tenham abordado”, indicou. “Estou a falar, por exemplo, de aparecer um tópico relacionado com riscos de biodiversidade e capital natural ou questões de economia circular e a empresa não ter uma estratégia, não ter uma visão, não ter uma política ou um plano de ação para abordar esse tipo de riscos e esse tipo de oportunidades”, estabeleceu. “Isso para mim é perda competitiva da empresa face aos seus pares no mercado europeu, que está a tornar esta informação muito mais transparente para todos os os os agentes económicos”, sublinhou. “Empresas que não se preparem nesse ponto de vista vão à partida estar em desvantagem face a outras concorrentes que já têm esse pensamento feito.”

Em Portugal, Inês Santos Costa destaca a ação nos sectores ligados às matérias-primas de base, em que as cadeias de valor são muito grandes e por isso os impactos, riscos e oportunidades podem vir de diversos pontos.

“São empresas industriais em sectores exportadores, que estão muito mais suscetíveis a serem pressionadas pelos seus clientes ou pelo sistema financeiro para atuar de maneira a garantir a resiliência do negócio.”

Estes serão temas abordados na próxima edição da Vodafone Business Conference, que será dedicada à tecnologia sustentável e vai decorrer no Mosteiro de São Bento da Vitória, no Porto, a 11 de outubro.

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