Experiência nos EUA: Como tirar um curso superior sem obter créditos
A universidade pública do Wisconsin, nos Estados Unidos, vai começar a atribuir diplomas com base em testes de competências em vez de créditos, permitindo que os alunos frequentem tudo o que quiserem por uma taxa fixa.
O sistema de créditos é, há muito tempo, o que vigora no ensino superior: frequentar determinado número de horas de aulas, obter uma nota positiva e, com um certo número de créditos (em Portugal, e com o regime de Bolonha, são necessários 180 créditos para terminar a maioria das licenciaturas), recebe-se um diploma. Mas, segundo a Fast Company, o modo de funcionamento do ensino superior pode mudar.
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Como explica a revista, a ideia dá pelo nome de "educação baseada em competência" e está a ganhar terreno no mundo do ensino superior. O conceito ganhou força em março, quando o Departamento de Educação norte-americano encorajou as instituições a submeterem candidaturas para receberem acreditação para estes programas experimentais. Universidades como a Southern New Hampshire, a Nouthern Arizona e a Western Governors estão na vanguarda deste novo modelo, mas é a Universidade do Wisconsin que está pronta para começar o novo sistema: em novembro, começa a aceitar candidaturas para os cursos "Flex Option".
O programa destina-se a mais de 700 mil adultos que nunca tenham tentado ou que não tenham conseguido obter diploma. Os alunos pagam uma subscrição fixa de 2250 dólares (cerca de 1600 euros) por três meses de acesso ilimitado a qualquer serviço da instituição: não só às aulas, como ao conteúdo online, aos conselheiros da faculdade e a outros recursos. E, o mais importante, são convidados a passarem a tantos "testes de competência" quantos quiserem.
Teoricamente, os estudantes poderão terminar um curso em três meses, com os conhecimentos que adquirirem ou apenas com os conhecimentos que já tiverem de outras experiências.
Para já, há cursos de artes, ciências biomédicas, ciências e tecnologias da informação, enfermagem e comunicação empresarial, mas, provavelmente, haverá mais opções em breve. Haverá ainda uma opção mais barata, de 900 dólares (651 euros), para estudantes que queiram concentrar-se numa só competência por cada período de três meses.
Apenas dez alunos serão aceites em cada curso em janeiro de 2014 mas, conforme o programa se expandir, "o céu é o limite", diz à Fast Company o reitor da Universidade do Winsconsin, Ray Cross.
O objetivo do programa é ser auto-suficiente dentro de seis anos. Além de manter a qualidade, o fator chave para que isto aconteça é fazer com que os cursos sejam "ajustáveis", ou extensíveis. Como explica Cross, "neste momento, o ensino superior tradicional não é extensível. Este modelo tem o potencial para transformar o sistema, se for extensível. Se não for, não sei se vale a pena o esforço".