Ulrich classifica de "ilegal" acordo BCP/Santander

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O BPI considera "ilegal" o acordo estabelecido entre o BCP e o Santander. Fernando Ulrich, presidente do banco, sustenta a sua posição no "tratamento privilegiado dado a um accionista - o Santander - e que não é extensível aos restantes". Em causa está o facto do BCP "garantir a compra das acções, ao preço mínimo, mesmo que a oferta pública de aquisição (OPA) não tenha sucesso", sublinha. Mais importante ainda, é o facto de dar ao Santander "direito de preferência na compra de balcões do BPI".

Em causa está o acordo celebrado entre o BCP e o Santander para a compra da participação de 5,87% que o banco espanhol detém no BPI. A contrapartida é a mesma proposta pelo BCP na oferta pública de aquisição lançada sobre o BPI, ou seja, 5,70 euros por acção. No caso desta operação ser bem sucedida, o BCP comprometeu-se ainda a conceder ao Santander "uma posição qualificada com relação à eventual alienação de sucursais e/ou respectivos activos que venha a decidir efectuar em virtude de compromisso com a Autoridade da Concorrência".

Uma versão que Fernando Ulrich contrariou ontem, no decorrer da conferência de imprensa que realizou em Braga a propósito da abertura de sete novos balcões. "É importante ler o documento do Santander, que é diferente da versão portuguesa do BCP. Acredito que seja a original aquilo a que o Santander se sente com direito. Uma posição qualificada não sei o que é, e essa é uma das objecções que levantamos à CMVM porque o conceito parece-nos tudo menos rigoroso e transparente. Já a versão espanhola é clara, fala num direito de preferência", sublinha o presidente executivo do BPI. Fernando Ulrich questiona o interesse do banco liderado por Paulo Teixeira Pinto no negócio: "O BCP está a dar coisas sem receber nada em troca e correndo mesmo algum risco financeiro. É um pouco estranho."

Fernando Ulrich afirmou ser "motivo de orgulho" para o BPI que " o maior banco de Espanha e o maior banco privado português" se tenham unido "para destruir o BPI", mas mostrou-se convicto de que a operação não será bem sucedida. "Vamos resistir a isto tudo e ter uma vitória enorme", salientou.

Sobre os 7% que o BPI detém no BCP, Ulrich afirmou que "não foi ainda tomada qualquer decisão". Reconheceu que o BPI recebeu várias "manifestações de interesse para essa participação, mas nenhuma foi oriunda do La Caixa". Salientou ainda não ter conhecimento de que seja intenção do grupo catalão controlar o BPI. Ulrich reconheceu que as preocupações manifestadas por Cavaco Silva sobre as transferências de controlo de empresas portuguesas poderiam referir-se à participação no BCP e considerou tratar-se "de uma preocupação legítima", que está a ser acompanhada pelo Banco de Portugal.

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