PPD-PSD

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A luta política em Portugal atravessa uma fase curiosa: ela trava-se não tanto entre governo e oposição, como sobretudo no interior do principal partido governamental, o PSD. O PS até tem uma nova liderança, legitimada por eleições directas que culminaram um vivo debate entre três candidatos. Mas Sócrates percebeu que não precisa de se agitar muito nesta altura: o trabalho de descredibilizar o poder actual é realizado, com vantagem para o PS, pelo confronto cada vez mais óbvio entre santanistas e cavaquistas. Ou, se quiserem, entre PPD e PSD. Como escrevia Mário Mesquita no Público de domingo, «na lista de inimigos da nova ordem santanista, pior do que socialista ou comunista, é ser cavaquista. Socialistas e comunistas são adversários remotos, enquanto Cavaco Silva é o inimigo próximo e principal».

A disputa tem incidências, claro, na próxima eleição presidencial. Custa-me a crer que se confirme o vaticínio de Mário Soares, quando Santana Lopes foi nomeado primeiro-ministro, de que este permaneceria uns tempos em S. Bento, e depois se «pisgaria» para Belém. Mas Santana gostaria agora de candidatar à presidência «personalidades como Francisco Balsemão ou Mota Amaral» (M. Mesquita). O problema é que o antigo primeiro- -ministro surge imbatível nas sondagens.

A divisão interna do PPD-PSD ultrapassa, em muito, a questão presidencial. O partido pode tornar-se numa pequena e pouco relevante força política, como previu Vasco Pulido Valente, mas não pelo motivo que ele apontou - a impopularidade de algumas reformas, como a lei do arrendamento ou o fim das Scut. As pessoas não são burras e apreciam a coragem de tomar tais medidas indispensáveis. O que dará cabo do PSD será transformar-se num instrumento para facilitar negócios, com fachada política populista.

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