Timor-Leste

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São praticamente dois dias de viagem, muito cansativa. Quando, finalmente, se chega a Díli, o bafo de calor, as instalações precárias do aeroporto, o frenesim à saída causam algum desencanto. Mas não se preocupe. Passadas umas horas, já estará a adorar a amabilidade das pessoas, o clima, as paisagens...

O único entrave a umas férias em Timor é o preço das viagens. O facto de estar quase nos antípodas de Portugal obriga a vários voos. No mínimo quatro. Uma noite é passada num avião completamente lotado, num voo de 12 horas e outra noite é passada em Bali.

O viajante chegado a Timor-Leste não tem tempo a perder. Organizar um passeio para aproveitar ao máximo os dias que lá passar é o melhor que tem a fazer. As opções são muitas e só se por acaso tem a sorte de poder lá ficar um mês é que conseguirá ver tudo. Por isso, há que optar. Vamos ao essencial:

Os ícones de Timor-Leste, da sua luta pela independência, não podem ser esquecidos. Vai ter que visitar o cemitério de Santa Cruz, onde foram massacrados mais de 200 jovens a 12 de Novembro de 1991, vai querer saber onde vivem o Presidente Xanana, o seu Palácio das Cinzas miserável, o Bairro do Farol, onde estão quase todas as embaixadas, os vários monumentos portugueses em Díli que foram deixados intactos durante a ocupação indonésia. Delicie-se com um passeio junto à baía de Díli ao fim da tarde com um pôr do Sol fenomenal (ver foto) ou beber uma cerveja à noite, numa esplanada junto à praia, com uma temperatura a rondar os 26 graus...

Ainda em Díli não pode perder a oportunidade de assistir a uma missa, seja na catedral, seja na residência do Bispo D. Ricardo, seja em Motael. A emoção é tanta que, quase de certeza, vai tremer com os cânticos.

Vai ter de passar pelo Hotel Timor, pelo seu bar, por onde passa toda a elite timorense e os cooperantes e pessoal internacional. Vai conhecer gente excepcional, com histórias para contar, conselhos a dar. Com sorte até toma o pequeno-almoço com o primeiro-ministro Ramos-Horta, com Hasegawa, o representante máximo da ONU em Timor, ou com um norte-americano que tem uma escola de mergulhos e ao mesmo tempo representa a secreta norte-americana. Há bons restaurantes, dois deles são explorados por portugueses, o Sagres Garden do alentejano Eduardo, e o Carlos a caminho da praia da Areia Branca.

Díli tem muita coisa para ver, muita gente para conhecer, mas tem de sair da capital, e vai surpreender-se. Para leste vai ver praias maravilhosas, paisagens de costa incríveis, montanhas de vegetação tropical e um povo muito acolhedor. Aldeias com casas tradicionais onde as pessoas vivem para a subsistência, sem quaisquer riquezas. Só as suas casinhas de bambu e colmo, as suas terras de onde retiram a mandioca, as batatas e os vegetais e fruta, e pouco mais.

Como viajar?

A solução mais cómoda é alugar um jipe. Sim, tem mesmo de ser um jipe, as estradas são péssimas. Só que o aluguer de um carro destes pode ficar por pouco menos de 100 dólares por dia. É caro. A solução barata, menos cómoda, mas até mais enriquecedora como experiência, será usar os transportes locais. Numa microlete gastará uns dois dólares para uma viagem de três horas. Mas vai levar com gente em cima, sacos e mais sacos, uma muito provável avaria pelo caminho, paragens várias, e um veículo muito desconfortável.

Para ocidente tem de ir ao antigo "Ponto mais alto do Império Português", o pico Tata Mailau, no Ramelau, a 2963 metros. Ainda está lá uma inscrição junto a uma estátua da Virgem Maria, indicando que ali é o ponto do Império Português onde primeiro se vê o nascer do Sol. É obrigatório passar lá uma noite. Diz quem o fez que é inesquecível ver o nascer do Sol no topo da ilha. Levar um saco-cama, bom calçado e alguma comida para a noite!

Numa viagem de meia hora num barco moderno, mais cara, ou de três horas numa carcaça velha, baratinha, chega a Ataúro, uma ilha em frente a Díli, que tem uma praia com uma transparência que serve de montra para um fundo maravilhoso.

Há inúmeras construções do tempo português por toda a meia-ilha e muitas e variadas paisagens. Para a máquina fotográfica digital leve muitos cartões de memória. Vai mesmo precisar.

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