Aeroporto de Beja
A notícia da decisão firme de abrir proximamente o aeroporto de Beja aos voos comerciais é provavelmente a mais importante que o sector do turismo recebeu nas últimas décadas. É certamente mais importante que a da escolha da Ota (?) ou que a decisão sobre o traçado do TGV.
Com o aeroporto de Beja, o turismo nacional ganha o pólo estruturante que faltava adicionar à rede Faro-Via do Infante-A2 e aos equipamentos rodoviários que partem e chegam ao aeroporto da Portela, permitindo-se uma expansão sustentada da oferta turística em zonas de elevado potencial mas pouco e mal exploradas até hoje.
De facto, toda a faixa fronteira à Espanha, de Vila Real de Santo António a Idanha-a-Nova, hoje praticamente votada ao abandono como destino turístico de qualidade, mas que tem, havendo demanda, a possibilidade de rapidamente dar uso a condições naturais e históricas que em nada diferem das que tornam poderosa a região de turismo da Extremadura espanhola, toda essa região passará a estar servida por um aeroporto internacional de grande qualidade.
Depois, o interior e o litoral alentejanos irão finalmente compor uma verdadeira região de turismo, juntando uma oferta tão rica e diversificada quanto aquela que o turista poderá ter somando as experiências que encontra em Évora e na Comporta, em Castelo de Vide ou na Zambujeira do Mar, tudo isto à distância de pouco mais de uma hora do ponto de chegada.
Também as low cost terão em Beja uma base operativa com condições económicas e técnicas muito favoráveis, que lhes permite cobrir, com os adequados interfaces com as estruturas rodo e ferroviárias, uma extensa região, a uma distância de voo de até pouco mais de duas horas de duração, com origem em qualquer das maiores cidades espanholas e do centro da Europa. Foi assim que o turismo residencial do Sul de França conheceu um boom fantástico na década de 90.
O Alentejo e as regiões limítrofes terão, assim, a possibilidade de alcançar finalmente uma dimensão macroeconómica ajustada aos enormes atributos naturais e histórico-culturais que possuem, obrigando-se o Governo, as autoridades locais e os empresários a acelerarem os necessários entendimentos para a revisão dos actuais parâmetros legais que regem a actividade turística na região, sobretudo os que respeitam ao licenciamento de equipamentos hoteleiros e de projectos de turismo residencial.
Assim se praticam políticas verdadeiramente estruturantes e podem concretizar-se as tão badaladas mas tão pouco praticadas vantagens competitivas de Portugal como país de turismo. C