Emprego recupera apoiado em turnos e segundos empregos

A economia portuguesa conseguiu criar 66,2 mil empregos (mais 1,5%) no segundo trimestre face a igual período de 2014, embora o balanço de quatro anos (que coincide com o que já decorreu da atual legislatura, iniciada em julho de 2011) seja ainda bastante negativo - foram destruídos, em termos líquidos, quase 219 mil empregos.
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De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados na quarta-feira no inquérito ao emprego, é inequívoca a melhoria nos números mercado de trabalho ao longo do último ano (com uma descida forte no desemprego, ver texto ao lado), embora as condições de fundo não se alterem ainda de forma dramática.

O trabalho a tempo parcial dá um salto pronunciado, o número de contratados a prazo também. O universo de pessoas que têm dois ou mais empregos idem. O trabalho por turnos acompanha.

A criação líquida de emprego na economia resulta na sua totalidade da dinâmica no trabalho por conta de outrem (TCO) já que o segmento por conta própria até recuou em termos homólogos.

Há agora (2º trimestre) mais 128 mil trabalhadores por conta de terceiros (empresas e sector público), atingindo um total de 3,7 milhões de indivíduos. O número de trabalhadores por conta própria recuou bastante, quase menos 60 mil face ao segundo trimestre do ano passado.

Mais part time

No universo dos TCO, nota-se que o emprego oficial está mais apoiado em vínculos mais precários e num maior esforço das pessoas para arranjar formas de rendimento fora dos regimes normais de trabalho.

O part time aumentou 9,1%, ou mais 25,6 mil casos, sobretudo entre as mulheres. Há mais 68,7 mil contratados a prazo (mais de metade do emprego criado), vínculo que teve um reforço importante entre os homens.

O número de pessoas "com atividade secundária" além do seu emprego principal cresceu quase 5%, para um total de 216,3 mil casos. O fenómeno alastrou mais entre as mulheres (quase 13% de aumento). O universo das pessoas só com um emprego também subiu, mas menos (1,3%).

Os chamados "segundos empregos" assumem várias formas. Dados do INE recolhidos pelo Dinheiro Vivo mostram que há mais 33 mil pessoas (5%) a trabalhar por turnos, num total de 688,9 mil casos.

Mais serões

Em 4,6 milhões de empregados, 1,1 milhões admitem ter de trabalhar ao serão (mais 2% e o equivalente a 24% do total). Em compensação, há menos pessoas a trabalhar à noite (menos oito mil), ao sábado (menos 50 mil) e ao domingo (menos 12 mil).

O emprego subiu com mais força entre os mais jovens (15 a 24 anos) e na classe dos 45 a 64 anos.

Já as formas mais agressivas de precariedade - que não configuram sequer situações de emprego, nem sequer de desemprego -, continuam a ter uma dimensão significativa, mas estão a regredir.

O subemprego a tempo parcial (condição das pessoas que trabalham em part time, mas menos horas do que pretendem), cedeu 4%, para 242 mil casos.

Os inativos desencorajados (cuja postura e diligência na procura de emprego não foi suficiente para o INE os classificar como desempregados) recuaram para 265 mil casos (menos 7%).

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