Vanguard Properties investe mais 500 milhões na Comporta nos próximos três anos
A principal aposta vai continuar a ser a Comporta, onde haverá um investimento de “não menos de 400 ou 500 milhões de euros nos próximos três anos”, referiu o diretor-geral da empresa em entrevista recente ao DN. Isto porque o projeto residencial, na região, inclui uma espécie de “serviço chave na mão”, onde as pessoas podem comprar a casa e também o projeto de decoração de interiores, por exemplo, e que contará também com variadas oferta de serviços aos proprietários que assim o desejem. Para isso, é preciso “um investimento muito forte nas infraestruturas”.
Isto implicará o desenvolvimento de mais duas academias desportivas, que se inserem na estratégia da Vanguard Properties de garantir um série de bens e serviços que ajudem a fixar pessoas - algumas delas, potenciais empregadores - na região, e também a criação de uma espécie de roteiro de arte e arquitetura que José Cardoso Botelho defende ser fundamental para a zona. Desse roteiro, espera, fará naturalmente parte a capela desenhada pelo prémio Pritzker 2022, Francis Kéré, e que a promotora imobiliária ofereceu à comunidade da aldeia da Muda, onde se insere um dos seus empreendimentos na Comporta.
No mesmo sentido, o grupo, a celebrar 10 anos de existência, tem apostado fortemente no desenvolvimento de campos de golfe nos seus empreendimentos na Comporta, defendendo que é o caminho para combater a sazonalidade de que a região sofre. “O golfe é um desporto muito bom porque as épocas altas são fora das épocas balneares, garantindo que tempos retorno em novembro e dezembro, e depois novamente a partir de março e até junho. E isto é importante para a comunidade, porque tem um impacto económico significativo na região”, garante.
“Um campo de golfe com qualidade pode trazer entre 150 a 500 pessoas por dia a um local”, nota ainda, recordando que o Dunas Golf Course, inaugurado em 2023 pela Vanguard Properties, já conquistou uma série de prémios internacionais, tendo sido recentemente distinguido como World's Best Golf Course 2024, Europe's Best Golf Course e Europe's Best Eco-Friendly Golf Facility 2024.
Pouco permeável às críticas que muitos deixam sobre a “estrangeirização” da Comporta e o reposicionamento da região como sendo acessível praticamente apenas às classes mais altas - e aos turistas mais endinheirados -, José Cardoso Botelho refere com um sorriso que “as críticas são muito curiosas, porque algumas dizem que não há pessoas para trabalhar na região, outras que não há condições para as pessoas ali ficarem, e o que nós estamos, precisamente a fazer, é a criar condições, a construir um conjunto de apartamentos destinados a quem vai para ali trabalhar, para conseguir fixar as pessoas. Mas para isso é preciso haver escolas, hospitais - e nós também estamos a construir uma Clínica CUF de proximidade, que é aberta ao público”.
“Portanto, eu diria que a maior parte das pessoas fala de coisas que não conhece”, resume. E defende que, apesar de a Comporta, como a conhecemos, poder estar a desaparecer, “não é algo que seja um problema em si”.
“Há quem queira defender o passado, mas o que é o passado da Comporta? Do ponto de vista da arquitetura, não era propriamente uma coisa interessante. Quanto à qualidade de vida, não me parece que fosse uma grande referência.” E garante que, apesar do que muitos dizem, “não são apenas estrangeiros a viver na região.” Na verdade, a carteira de clientes da empresa continua a contar com cerca de 50% de compradores nacionais. E aproveita para recordar a importância da imigração para a inversão da pirâmide etária do país e também para o suprimento da falta de mão-de-obra em muitos setores de atividade.
Lamentando que haja quem continua a olhar para o imobiliário de luxo como o grande causador dos problemas da habitação, defende que, sobretudo no caso da Comporta, a empresa fez sempre questão de assumir os seus projetos como integradores, e salientando a boa relação que tem com os municípios de Grândola ou Alcácer. “Nós pagamos muitos impostos e sabemos que os impostos, sobretudo as taxas como o IMT, por exemplo, vão diretamente para as câmaras. Portanto, passam a ter capacidade de investimento para onde ele for necessário”, salienta.
O gestor aproveita ainda para reiterar que, para já, os projetos da empresa se focarão na área da Comporta e da Grande Lisboa - e avisa que o Foz do Tejo, que nascerá em Oeiras, será o “melhor projeto urbano de sempre” da empresa. Continua a deitar um olho ao Porto, mas ainda não acredita que seja hora de ir para Norte. O que pode estar na mira é uma entrada no mercado espanhol, na capital Madrid, para onde já foram convidados variadas vezes, admite. “Podia ser uma hipótese.” Mas, por agora, vai continuar a crescer em Portugal, onde garante que nenhum outro operador oferece a qualidade da Vanguard Properties.