Nuno Guimarães: Crise política “pode colocar em risco alguns projetos do PRR”
O PIEP assinala 25 anos e o Nuno dá início ao que já disser será o seu último mandato no centro. Que PIEP quer deixar em 2028?
Queremos que esteja mais forte, ainda mais bem estruturado do que está hoje e que possa navegar sozinho. Para este último mandato, o projeto que temos é conseguir ampliar as instalações. Nos últimos três anos, quase triplicamos o volume de negócios e o número de colaboradores, que hoje são mais de 90 e de diversas nacionalidades.
Têm falta de espaço?
Fruto de alguns projetos que concretizamos, tivemos que fazer investimentos em laboratórios mas também em equipamentos, que ocupam espaço. Vamos abrir um pólo do PIEP em Vila Nova de Cerveira, porque há aí um cluster náutico importante e que precisa de fazer testes e ensaios. A autarquia cedeu-nos instalações e vamos lá instalar-nos. A proximidade à Galiza, e à indústria automóvel que aí existe e que não tem nenhum centro tecnológico com as nossas valências, é outra das razões desta aposta. Em Guimarães temos espaço para crescer, mas temos de construir uma nave nova.
Qual é o investimento?
Está em estudo, pode ser de 1 a 1,5 milhões de euros, mas não está definido e terá de ser aprovado pelos nossos acionistas. Numa segunda fase, ou que pode ser intermédia, porque a construção levará o seu tempo, queremos abrir um polo em Leiria, ou um pouco mais a Sul, para dar resposta mais próxima à indústria de plásticos e de moldes que aí existe.
O PIEP faturou 5,4 milhões em 2024. Quanto quer faturar em 2028?
Gostava que estivesse entre os nove e os dez milhões. Claro que há condicionantes. Cerca de 50% do negócio do PIEP vem de fundos, governamentais ou comunitários, e às vezes as questões políticas geram alguns constrangimentos.
O PIEP está envolvido em cerca de 30 projetos no âmbito do PRR. Em que medida a queda do Governo pode prejudicar estes investimento?
Os fundos, como o PT2030 e o PRR, têm uma calendarização para serem postos em prática. Se isso não ocorrer, corremos o risco de não recebermos o dinheiro e de o projeto fracassar. Do nosso lado, tudo faremos para que os projetos não parem. O PIEP tem alguma capacidade financeira para aguentar estar sem financiamento durante um tempo, enquanto há eleições e vem um novo Governo. Mas o PIEP não está sozinho nestes projetos. Claro que uma Navigator não tem problema em aguentar também, mas empresas mais pequenas podem não ter esse arcaboiço e o projeto morrer porque o parceiro caiu e temos um problema.
É uma preocupação, então?
Sim, vejo com alguma preocupação que isto possa atrapalhar alguns projetos. Não acredito que caiam todos, porque temos alguns, nomeadamente na área da mobilidade e da floresta, que contam com players muito grandes, alguns cotados no PSI, e por aí não estou preocupado. A questão são os projetos de menor dimensão e que, inclusive, podem ser possíveis tábuas de salvação de algumas empresas pequenas, que têm projetos novos. Se esse dinheiro não lhes chega, pode por em causa o projeto.