O Supremo Tribunal Federal (STF), que ao que tudo indica vai aceitar a denúncia - em Portugal, acusação - da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro e mais 33 pessoas por planeamento de um golpe de estado tornada pública na madrugada de ontem, espera julgar o ex-presidente do Brasil ainda em 2025 para evitar o arrastamento do processo para 2026, ano eleitoral, de acordo com informações de membros daquela instituição judicial.Caso o STF aceite a denúncia e se decida por condenação, Bolsonaro arrisca um máximo de 39 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de liderança de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o património público e deterioração de património classificado.Na denúncia, o procurador-geral Paulo Gonet tentou colocar Bolsonaro no centro da tentativa de golpe que visava derrubar e até assassinar Lula da Silva e Geraldo Alckmin, eleitos presidente e vice-presidente, e Alexandre de Moraes, juiz do STF. Segundo a procuradoria, uma fotocópia com esse plano tirada em pleno Palácio do Planalto e áudios entre assessores do ex-presidente implicam-no diretamente.Diz ainda o procurador que Bolsonaro editou a versão final de um documento de dezembro de 2022 que lhe atribuía poderes extraordinários e previa a decretação do Estado de Defesa e a criação de uma “comissão de regularidade eleitoral” que reveria o resultado das presidenciais.Bolsonaro e Braga Netto, candidato a vice naquelas eleições e ex-ministro da Defesa, incentivaram protestos e as depredações na Praça dos Três Poderes, em Brasília, de 8 de janeiro de 2023 após a posse de Lula, diz ainda a denúncia.“Acusações vagas”, reagiu Bolsonaro, para quem as denúncias “são fabricadas”. “O mundo está atento ao que se passa no Brasil”, rematou.Lula afirmou que se for provado que os 33 denunciados são culpados “terão de pagar pelo erro”.Donald Trump aproveitou o momento para processar, através das suas empresas de media, o juiz Alexandre de Moraes, por “censurar ilegalmente vozes de direita nas redes sociais”, noticiou o The New York Times, no que foi lido como uma ajuda do presidente dos EUA ao seu aliado brasileiro.Condenado ou não, Bolsonaro, que já está inelegível por ter promovido reunião com embaixadores estrangeiros a questionar as urnas eletrónicas e ainda deve ser denunciado por desvio de joias oferecidas pelo governo saudita ao Estado brasileiro e por ter alegadamente fraudado o cartão de vacinação para poder escapar para os EUA após as eleições, deve ficar de fora das eleições de 2026.Esse dado anima eventuais alternativas à direita como Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e ex-ministro de Bolsonaro, Flávio, Eduardo ou Michelle Bolsonaro, respetivamente filho mais velho, terceiro filho e mulher do ex-presidente, e os outsiders Pablo Marçal, coach que surpreendeu na eleição municipal de São Paulo, e Gusttavo Lima, cantor sertanejo que se diz pré-candidato.