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Direitos ReservadosReduzir a tributação sobre o trabalho para a média da OCDE é uma das medidas preconizadas

Diferença nacional de investimento face à UE vale 40% do PIB

Estudo da Associação Business Roundtable Portugal aponta a necessidade de investir mais, mas também de reduzir “garrote fiscal” para reter talento.
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Portugal precisa, urgentemente, de “corrigir o enorme diferencial de investimento produtivo” para impulsionar o crescimento económico. A conclusão é do estudo Snapshot - Comparar para Crescer, da responsabilidade da Associação Business Roundtable Portugal (BRP), que faz uma análise comparativa à competitividade portuguesa e assegura que Portugal, nos últimos 15 anos, “investiu sistematicamente abaixo da União Europeia”. O documento, a que o DN teve acesso, assegura que esse diferencial equivale a mais de 40% do produto interno bruto (PIB) português.

Esta é já a terceira edição do Snapshot - Comparar para Crescer, no qual a BRP compara o desempenho da economia nacional, em termos de produtividade, investimento, inovação, talento, competitividade e burocracia, com a de oito Estados-membros - Espanha, Eslovénia, Estónia, Grécia, Hungria, Itália, Polónia e República Checa -, a que chamou ‘Países Concorrentes’. Foram escolhidos por fazerem parte da UE e por, em 2000, terem um PIB per capita nominal próximo do de Portugal.

Em termos de investimento, a economia portuguesa compara mal com estes oito. Em 2024, o investimento privado em Portugal equivaleu a 16% do PIB, sendo o quarto mais baixo deste grupo e ficando dois pontos percentuais abaixo da média da UE. O investimento público foi ainda pior. Representou 3% do PIB, atrás da Estónia (7,3%), da Eslovénia (5,2%) e da Polónia (5%), e a par de Espanha, tendo ambos o nível mais baixo do grupo.

Quanto às empresas, diz a BRP que há que aumentar a sua dimensão para “reduzir o gap de produtividade” do país, explicando que, em Portugal, a produtividade aparente do trabalho, medida pelo PIB por hora trabalha em paridade de poder de compra, era, em 2024, de apenas 68% da média da UE. Pior, não teve qualquer evolução nas últimas décadas, já que continua ao nível de 2000. Lembra o estudo que “a maior dimensão das empresas impulsiona a produtividade”, mas as grandes empresas em Portugal representam, apenas, 0,3% do tecido empresarial, composto em 93,6% por microempresas.

O fortalecimento do ecossistema de inovação, a redução do peso da burocracia e a competitividade energética são outros dos temas em análise nesta terceira edição do Snapshot, que reclama, ainda, a redução do “garrote fiscal” para atrair e reter talento em Portugal. A este propósito, o BRP considera que o IRS Jovem “não cumpre com o pretendido”, na medida em que exclui do benefício uma parte significativa dos jovens mais qualificados.

Numa análise mais alargada sobre o impacto da carga fiscal sobre o trabalho na competitividade da economia, o estudo conclui que, se Portugal tivesse uma taxa de tributação sobre o trabalho ajustada ao seu nível de rendimento médio na OCDE, o "garrote fiscal ficaria nos 30,7%, isto é, menos 11,6 pontos percentuais face à realidade (42,3%)".

Mesmo comparando com os países concorrentes, como a Polónia (34,3%) e a Grécia (38,5%), "a diferença é muito significativa levando a que em Portugal, para um salário equivalente, os trabalhadores levem para casa um valor menor. O Estado Português fica com uma parte maior a seu cargo", sustenta a BRP.

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