Não há dúvida de que a capacidade de reação coletiva, seja nas redes sociais seja na rua, está cada vez mais amplificada. Há uma nova demonstração disso, a propósito da Amazónia. Houve outras, como a protagonizada por Greta Thunberg ou como a reação ao fogo na Catedral de Notre-Dame de Paris. Aliás, tornou-se viral comparar a Amazónia e a Notre-Dame, com base na expressão da solidariedade global para com uma e outra (a própria Greta comparou Notre-Dame ao planeta). À partida, a comparação é possível, pois ambas são símbolos civilizacionais. A recente troca de palavras azedas entre Macron e Bolsonaro reavivou a comparação. A identidade de uma civilização não se perpetua também através dos símbolos culturais que faz perdurar? Penso que sim..Notre-Dame é um tesouro religioso e arquitetónico. Mas não só. Para mim, a associação da catedral à história do Quasímodo e da cigana Esmeralda, da obra de Victor Hugo, é imediata. A sua mensagem continua atual e faz cada vez mais sentido na Europa de hoje - a necessidade de respeitar quem é diferente, quem procura refúgio e quem é ou foi tornado pária. Notre-Dame foi historicamente santuário da diferença e isso é tão valioso como o seu espólio. A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo, aquela que tem a maior bacia hidrográfica e é o pulmão global. É refúgio de biodiversidade e possui uma identidade cultural própria assente no imaginário do Amazonas, da beleza da natureza, da religião e do misticismo, da riqueza mineral e até da Fordlândia..Como e em que sentido podemos orientar, em relação ao ambiente, esta crescente capacidade de gerar uma onda de reação coletiva? E como impedir que essa onda se torne um "mar" de opiniões estéreis? O rumo a seguir passará sempre pela responsabilização política equilibrada, mas sem medo. Pela pressão sobre as instituições no sentido do reforço da ação das organizações de matriz global na salvaguarda das zonas vitais do planeta. É fulcral para a sobrevivência da nossa civilização que haja uma resposta global e concertada a políticas como as de Trump e Bolsonaro que sublimam o lucro alheado das questões ambientais. Não é cada vez mais claro que é à Europa que cabe este combate? No caso da Amazónia, Portugal e a CPLP têm uma tradição de diálogo com o Brasil que só lhes acrescenta responsabilidade..O mundo já não é o mesmo. Às outras guerras juntou-se a comercial e até o velho parlamento inglês se encontra suspenso. Portugal, no entanto, assume-se cada vez mais como o referencial do equilíbrio e é reconhecido por isso. A cimeira das Nações Unidas sobre o clima está já aí. Vamos usar esse capital de equilíbrio para afirmar que em questões ambientais não há comércio nem economia e que a única ideologia válida é a do respeito pela Terra..Deputada do PS
Não há dúvida de que a capacidade de reação coletiva, seja nas redes sociais seja na rua, está cada vez mais amplificada. Há uma nova demonstração disso, a propósito da Amazónia. Houve outras, como a protagonizada por Greta Thunberg ou como a reação ao fogo na Catedral de Notre-Dame de Paris. Aliás, tornou-se viral comparar a Amazónia e a Notre-Dame, com base na expressão da solidariedade global para com uma e outra (a própria Greta comparou Notre-Dame ao planeta). À partida, a comparação é possível, pois ambas são símbolos civilizacionais. A recente troca de palavras azedas entre Macron e Bolsonaro reavivou a comparação. A identidade de uma civilização não se perpetua também através dos símbolos culturais que faz perdurar? Penso que sim..Notre-Dame é um tesouro religioso e arquitetónico. Mas não só. Para mim, a associação da catedral à história do Quasímodo e da cigana Esmeralda, da obra de Victor Hugo, é imediata. A sua mensagem continua atual e faz cada vez mais sentido na Europa de hoje - a necessidade de respeitar quem é diferente, quem procura refúgio e quem é ou foi tornado pária. Notre-Dame foi historicamente santuário da diferença e isso é tão valioso como o seu espólio. A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo, aquela que tem a maior bacia hidrográfica e é o pulmão global. É refúgio de biodiversidade e possui uma identidade cultural própria assente no imaginário do Amazonas, da beleza da natureza, da religião e do misticismo, da riqueza mineral e até da Fordlândia..Como e em que sentido podemos orientar, em relação ao ambiente, esta crescente capacidade de gerar uma onda de reação coletiva? E como impedir que essa onda se torne um "mar" de opiniões estéreis? O rumo a seguir passará sempre pela responsabilização política equilibrada, mas sem medo. Pela pressão sobre as instituições no sentido do reforço da ação das organizações de matriz global na salvaguarda das zonas vitais do planeta. É fulcral para a sobrevivência da nossa civilização que haja uma resposta global e concertada a políticas como as de Trump e Bolsonaro que sublimam o lucro alheado das questões ambientais. Não é cada vez mais claro que é à Europa que cabe este combate? No caso da Amazónia, Portugal e a CPLP têm uma tradição de diálogo com o Brasil que só lhes acrescenta responsabilidade..O mundo já não é o mesmo. Às outras guerras juntou-se a comercial e até o velho parlamento inglês se encontra suspenso. Portugal, no entanto, assume-se cada vez mais como o referencial do equilíbrio e é reconhecido por isso. A cimeira das Nações Unidas sobre o clima está já aí. Vamos usar esse capital de equilíbrio para afirmar que em questões ambientais não há comércio nem economia e que a única ideologia válida é a do respeito pela Terra..Deputada do PS