Não é fácil discutir com racionalidade temas de enorme importância para o nosso futuro..Preferimos tomar posições a partir de preconceitos que adquirimos de forma emocional, sejam preconceitos ideológicos, políticos, partidários, morais. E esta tendência, que nos levou a cometer erros graves no passado, não só se não atenuou como parece ter-se acentuado, com o renascimento de pulsões populistas disseminadas pelas redes sociais e por alguns media tradicionais..O recente episódio da mudança na Procuradoria-Geral da República é exemplar desta tendência. Ninguém se deu ao trabalho de examinar com objetividade o trabalho do Ministério Público (MP) durante o mandato cessante; olhando para os sucessos e os insucessos, para a sua produtividade, para a suficiência ou a insuficiência dos meios, para o cumprimento ou o incumprimento da lei que ao MP cumpre defender..Esta avaliação era importante, desde logo porque o MP não está submetido a qualquer escrutínio externo, não há auditores independentes que o façam, ao contrário do que sucede com os poderes políticos e a administração pública. Em vez disso, assistimos a uma campanha dos defensores da renovação do mandato, centrada em duas ou três investigações a "poderosos" sem que tivesse havido ainda contraditório e muito menos qualquer julgamento..A decisão de não renovação também não assentou em avaliação objetiva do mandato; primeiro-ministro e Presidente preferiram, cautelosamente, evitar esse dossiê minado pelas suspeições e teorias da conspiração plantadas, de forma aberta ou insinuativa (Passos Coelho e Cavaco Silva entraram por esta via), no espaço público. No caso de Cavaco Silva, a insinuação é duplamente deselegante para com o seu sucessor, ao imputar ao governo uma decisão que compete ao Presidente e ao atribuir-lhe motivações escondidas..Noutro tema que atinge o presente e o futuro de todos nós - a saúde - vamos assistir ao mesmo espetáculo..No Conselho Estratégico do PSD foi apresentado um trabalho fundamentado sobre a situação atual do SNS e a necessidade da sua reforma, tornada imprescindível pelo envelhecimento da população, pelo aumento de doenças crónicas, pelo aumento dos custos induzido pela ciência e as novas tecnologias e pelo desequilíbrio entre o aumento do PIB e o crescimento das despesas com a saúde, pondo em causa a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde..Trata-se de um assunto muito sério, que precisa de uma reflexão desapaixonada e um consenso entre os partidos não prisioneiros de preconceitos ideológicos, em que são especialmente responsáveis o PS e o PSD. O projeto do PSD merece ser apreciado a essa luz. Infelizmente essa reflexão não vai fazer-se com base na realidade e nas experiências da gestão pública e da gestão privada do SNS, nas parcerias público-privadas, na contratualização com a iniciativa privada, no sentido de averiguar quais foram os resultados de cada uma delas no melhor tratamento dos doentes e no seu custo..A discussão far-se-á com base nos preconceitos ideológicos e não nos meios para garantir, sustentadamente, a saúde de todos os portugueses, muito especialmente dos que não podem socorrer-se do que melhor oferecem os privados.
Não é fácil discutir com racionalidade temas de enorme importância para o nosso futuro..Preferimos tomar posições a partir de preconceitos que adquirimos de forma emocional, sejam preconceitos ideológicos, políticos, partidários, morais. E esta tendência, que nos levou a cometer erros graves no passado, não só se não atenuou como parece ter-se acentuado, com o renascimento de pulsões populistas disseminadas pelas redes sociais e por alguns media tradicionais..O recente episódio da mudança na Procuradoria-Geral da República é exemplar desta tendência. Ninguém se deu ao trabalho de examinar com objetividade o trabalho do Ministério Público (MP) durante o mandato cessante; olhando para os sucessos e os insucessos, para a sua produtividade, para a suficiência ou a insuficiência dos meios, para o cumprimento ou o incumprimento da lei que ao MP cumpre defender..Esta avaliação era importante, desde logo porque o MP não está submetido a qualquer escrutínio externo, não há auditores independentes que o façam, ao contrário do que sucede com os poderes políticos e a administração pública. Em vez disso, assistimos a uma campanha dos defensores da renovação do mandato, centrada em duas ou três investigações a "poderosos" sem que tivesse havido ainda contraditório e muito menos qualquer julgamento..A decisão de não renovação também não assentou em avaliação objetiva do mandato; primeiro-ministro e Presidente preferiram, cautelosamente, evitar esse dossiê minado pelas suspeições e teorias da conspiração plantadas, de forma aberta ou insinuativa (Passos Coelho e Cavaco Silva entraram por esta via), no espaço público. No caso de Cavaco Silva, a insinuação é duplamente deselegante para com o seu sucessor, ao imputar ao governo uma decisão que compete ao Presidente e ao atribuir-lhe motivações escondidas..Noutro tema que atinge o presente e o futuro de todos nós - a saúde - vamos assistir ao mesmo espetáculo..No Conselho Estratégico do PSD foi apresentado um trabalho fundamentado sobre a situação atual do SNS e a necessidade da sua reforma, tornada imprescindível pelo envelhecimento da população, pelo aumento de doenças crónicas, pelo aumento dos custos induzido pela ciência e as novas tecnologias e pelo desequilíbrio entre o aumento do PIB e o crescimento das despesas com a saúde, pondo em causa a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde..Trata-se de um assunto muito sério, que precisa de uma reflexão desapaixonada e um consenso entre os partidos não prisioneiros de preconceitos ideológicos, em que são especialmente responsáveis o PS e o PSD. O projeto do PSD merece ser apreciado a essa luz. Infelizmente essa reflexão não vai fazer-se com base na realidade e nas experiências da gestão pública e da gestão privada do SNS, nas parcerias público-privadas, na contratualização com a iniciativa privada, no sentido de averiguar quais foram os resultados de cada uma delas no melhor tratamento dos doentes e no seu custo..A discussão far-se-á com base nos preconceitos ideológicos e não nos meios para garantir, sustentadamente, a saúde de todos os portugueses, muito especialmente dos que não podem socorrer-se do que melhor oferecem os privados.