Os velhos do Restelo e os novos tempos em Belém
Termina hoje a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia (PPUE). Foram seis meses desafiantes em que muitos dos planos foram alterados por culpa da pandemia. As grandes conferências, os encontros de líderes, os momentos protocolares, passaram, tantas vezes, do ambiente presencial para o digital. Esta foi uma presidência em controlo remoto. Ainda assim, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva - hoje em entrevista ao Diário de Notícias -, dá nota das várias metas alcançadas, sem deixar de responder às críticas de que a PPUE tem sido alvo.
Um dos momentos altos deste semestre foi a realização da Cimeira Social, que decorreu no Porto, focada no pilar social e do emprego dos cidadãos europeus. Agora falta encontrar vontades para um acordo para o salário mínimo europeu, uma "batata quente" que passa para o país que nos sucede, a Eslovénia, ou até para o que vem a seguir, a França, tal é a dificuldade de encontrar consensos nesta complexa discussão europeia.
A aprovação da Lei do Clima e do Certificado Digital Covid-19 - apesar das muitas vozes críticas - são também passos importantes de preparação para o futuro do planeta e da liberdade de movimentos na Europa, com efeitos imediatos na economia.
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Na conversa com o governante não ficou esquecida a discussão em torno do uso público ou privado dos dinheiros da chamada bazuca nem a cimeira com a Índia, a tensão com a Rússia e a China ou a reaproximação da Europa em relação aos Estados Unidos da América.
A entrevista decorreu no "quartel-general" da presidência portuguesa, o Centro Cultural de Belém (CCB). Para os velhos do Restelo, que tanto criticaram a obra do CCB pelo seu gigantismo, nos últimos anos tem ficado demonstrado o seu papel na cidade, enquanto berço de grandes eventos culturais internacionais, mas também a sua utilidade e oportunidade em momentos importantes para o país, como foi o último semestre.
Na decisão da sua construção esteve a necessidade de um equipamento arquitetónico que pudesse acolher, em 1992, precisamente a presidência portuguesa da União Europeia, e que, ao mesmo tempo, ficasse como um polo dinamizador da cidade, nas áreas do lazer e da cultura. A sua inauguração foi em janeiro de 1992. No ano seguinte, abriu como centro cultural.
Assinalar o ponto de partida dos descobrimentos marítimos, enquanto vizinho da Torre de Belém e do Padrão dos Descobrimentos, é um princípio que mantém toda a atualidade. Hoje as descobertas não são apenas por mar, mas pelo digital, tema que aliás é um dos pilares do Plano de Recuperação e Resiliência europeu.