Na véspera de Natal de 1968, há 50 anos, a NASA divulgava aquela que continua a ser uma das mais icónicas imagens da exploração espacial humana: o "nascer da Terra" visto da Lua. A fotografia, captada pelo astronauta William Anders durante a missão Apollo 8, não foi tirada na superfície do satélite - aquela foi "apenas" a primeira vez que uma missão tripulada orbitou um corpo celeste além da Terra. Mas menos de seis meses depois, a 20 de junho de 1969, dois astronautas - o comandante Neil Armstrong e o piloto do módulo lunar Buzz Aldrin caminhavam mesmo no mar da Tranquilidade. Até 1972, um total de 12 astronautas pisaram a superfície lunar. Destes, apenas quatro, incluindo Aldrin, ainda estão vivos. Desde essa altura, apesar de várias missões bem-sucedidas não só à Lua como a vários planetas do sistema solar e diversos satélites, nunca mais houve uma missão tripulada a ir além da órbita terrestre baixa. Mas essa é uma realidade que poderá mudar na próxima década, com 2019 a marcar o arranque de uma nova "corrida" espacial, com novos países e várias empresas envolvidos, pretendendo criar condições não só para voltar à Lua como para fazer desta uma base permanente para a futura exploração do espaço profundo..Os "novatos".Em maio, a CNSA, agência espacial chinesa, lançou com sucesso o Queqiao, um satélite de comunicações que irá orbitar a Lua. O objetivo será captar e retransmitir para a Terra a informação recolhida na missão Change 4, cujo lançamento está agendado para dia 7 de janeiro, e cujo objetivo será fazer pousar um módulo no muito mais acidentado lado oculto da Lua. Em caso de sucesso será a primeira vez que a agência espacial chinesa, que até agora tem sobretudo replicado feitos dos Estados Unidos e da Rússia, alcançará uma proeza inédita. A Índia também tem tentado marcar posição entre as potências espaciais e, no dia 3 de janeiro, lançará a missão Chandrayaan-2, cuja meta é pousar um módulo num planalto situado entre as crateras Manzinus C e Simpelius N. Em caso de sucesso, será a primeira vez que a humanidade faz aterrar um engenho no polo sul do satélite. Também a agência espacial japonesa, a JAXA, tem projetadas pelo menos três missões não tripuladas à Lua, a partir de 2021, cujos objetivos incluem pousar módulos na superfície e recolha de amostras. Coreia do Norte, Coreia do Sul e Reino Unido também preparam missões..A revolução dos privados.A iniciativa privada marca terreno na exploração espacial. Os foguetões Falcon 9, desenvolvidos pela SpaceX, que têm já colaborado em várias missões, são apenas o início. A paceIL, uma organização sem fins lucrativos israelita que participou no desafio Google Lunar X prize, lançará ainda em janeiro, recorrendo precisamente a um Falcon, aquela que deverá ser a primeira missão à Lua sem envolvimento de agências estatais. Através do mesmo desafio, a alemã PTScientists assumiu objetivo idêntico. A Moon Express conta descobrir e explorar recursos mineiros na Lua. Empresas como a Space X e a Blue Origin contam organizar viagens turísticas - eventualmente até pousar no satélite - a partir de 2023..A Lua como porto espacial.Muitos outros projetos, nomeadamente as missões que a agência russa ROSCOSMOS irá realizar ao longo da próxima década prendem-se com a busca de recursos, incluindo água, que permitam fazer da Lua uma base permanente para futuras missões espaciais. Os russos pretendem criar uma base robótica, à superfície. Já o projeto Gateway (ver infografia) é uma cooperação entre a NASA e a Agência Espacial Europeia (ESA) em que a iniciativa privada deverá também ter papel fundamental. Esta estação espacial modular, que irá orbitar a Lua, vai integrar a Orion, a nave interplanetária que está a ser construída pela Lockheed Martin e que deverá ser usada em futuras missões tripuladas, nomeadamente a Marte. A Orion será testada, ainda sem tripulação, na órbita lunar em 2020, regressando em 2022 com aquela que - se os privados não ganharem a corrida - será a primeira vez que astronautas voltam a ir além da órbita terrestre baixa.
Na véspera de Natal de 1968, há 50 anos, a NASA divulgava aquela que continua a ser uma das mais icónicas imagens da exploração espacial humana: o "nascer da Terra" visto da Lua. A fotografia, captada pelo astronauta William Anders durante a missão Apollo 8, não foi tirada na superfície do satélite - aquela foi "apenas" a primeira vez que uma missão tripulada orbitou um corpo celeste além da Terra. Mas menos de seis meses depois, a 20 de junho de 1969, dois astronautas - o comandante Neil Armstrong e o piloto do módulo lunar Buzz Aldrin caminhavam mesmo no mar da Tranquilidade. Até 1972, um total de 12 astronautas pisaram a superfície lunar. Destes, apenas quatro, incluindo Aldrin, ainda estão vivos. Desde essa altura, apesar de várias missões bem-sucedidas não só à Lua como a vários planetas do sistema solar e diversos satélites, nunca mais houve uma missão tripulada a ir além da órbita terrestre baixa. Mas essa é uma realidade que poderá mudar na próxima década, com 2019 a marcar o arranque de uma nova "corrida" espacial, com novos países e várias empresas envolvidos, pretendendo criar condições não só para voltar à Lua como para fazer desta uma base permanente para a futura exploração do espaço profundo..Os "novatos".Em maio, a CNSA, agência espacial chinesa, lançou com sucesso o Queqiao, um satélite de comunicações que irá orbitar a Lua. O objetivo será captar e retransmitir para a Terra a informação recolhida na missão Change 4, cujo lançamento está agendado para dia 7 de janeiro, e cujo objetivo será fazer pousar um módulo no muito mais acidentado lado oculto da Lua. Em caso de sucesso será a primeira vez que a agência espacial chinesa, que até agora tem sobretudo replicado feitos dos Estados Unidos e da Rússia, alcançará uma proeza inédita. A Índia também tem tentado marcar posição entre as potências espaciais e, no dia 3 de janeiro, lançará a missão Chandrayaan-2, cuja meta é pousar um módulo num planalto situado entre as crateras Manzinus C e Simpelius N. Em caso de sucesso, será a primeira vez que a humanidade faz aterrar um engenho no polo sul do satélite. Também a agência espacial japonesa, a JAXA, tem projetadas pelo menos três missões não tripuladas à Lua, a partir de 2021, cujos objetivos incluem pousar módulos na superfície e recolha de amostras. Coreia do Norte, Coreia do Sul e Reino Unido também preparam missões..A revolução dos privados.A iniciativa privada marca terreno na exploração espacial. Os foguetões Falcon 9, desenvolvidos pela SpaceX, que têm já colaborado em várias missões, são apenas o início. A paceIL, uma organização sem fins lucrativos israelita que participou no desafio Google Lunar X prize, lançará ainda em janeiro, recorrendo precisamente a um Falcon, aquela que deverá ser a primeira missão à Lua sem envolvimento de agências estatais. Através do mesmo desafio, a alemã PTScientists assumiu objetivo idêntico. A Moon Express conta descobrir e explorar recursos mineiros na Lua. Empresas como a Space X e a Blue Origin contam organizar viagens turísticas - eventualmente até pousar no satélite - a partir de 2023..A Lua como porto espacial.Muitos outros projetos, nomeadamente as missões que a agência russa ROSCOSMOS irá realizar ao longo da próxima década prendem-se com a busca de recursos, incluindo água, que permitam fazer da Lua uma base permanente para futuras missões espaciais. Os russos pretendem criar uma base robótica, à superfície. Já o projeto Gateway (ver infografia) é uma cooperação entre a NASA e a Agência Espacial Europeia (ESA) em que a iniciativa privada deverá também ter papel fundamental. Esta estação espacial modular, que irá orbitar a Lua, vai integrar a Orion, a nave interplanetária que está a ser construída pela Lockheed Martin e que deverá ser usada em futuras missões tripuladas, nomeadamente a Marte. A Orion será testada, ainda sem tripulação, na órbita lunar em 2020, regressando em 2022 com aquela que - se os privados não ganharem a corrida - será a primeira vez que astronautas voltam a ir além da órbita terrestre baixa.