Se Lula da Silva (PT) já não é apenas um mero político mas uma "ideia", como o próprio disse num discurso em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos no dia em que foi preso, Jair Bolsonaro (PSL) também não é apenas um candidato à presidência da República, mas uma "onda" ou um "tsunami". A onda Bolsonaro faz-se sentir em 10 das 13 unidades federativas do Brasil que vão a votos neste domingo. Com destaque para as três mais populosas, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.."A onda Bolsonaro é algo nunca antes visto no país", disse Vinícius Mota, secretário de redação do jornal Folha de S.Paulo, mesmo tendo em conta que o país assistiu à vaga "repentino" de Collor de Mello, em 1989, e à passagem dos furacões eleitorais Fernando Henrique Cardoso, duas vezes eleito à primeira volta, e Lula, o mito da esquerda brasileira.."Houve uma mudança profunda no sentimento do eleitor, que a maior parte dos candidatos, à exceção de Bolsonaro, demorou a perceber", afirma o cientista político André Filipe. Segundo os jornalistas Rudolfo Lago, Germano Oliveira e Wilson Lima, da revista IstoÉ, "até 2014 prevaleceu o voto económico, voltado para temas como o controlo da inflação, do desemprego, da estabilidade e da desigualdade social". "Neste ano, os alicerces do voto em Bolsonaro são o combate à corrupção, o enfrentamento dos problemas da segurança pública e a contestação ao establishment, que faz que o eleitor do candidato do PSL se sinta quase como um revolucionário dos tempos modernos.".Em São Paulo, João Doria, mesmo concorrendo pelo PSDB (o partido de Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin e de outros indecisos na corrida presidencial), afirmou com todas as letras, logo logo no dia em que se apurou para disputar a segunda volta, que apoia Bolsonaro. A vontade de cavalgar a onda é tanta que a sua campanha lançou panfletos a pedir o voto "Bolsodoria" - a sugerir que quem vota no capitão do exército vota por extensão no ex-prefeito de São Paulo..Mesmo com esses panfletos retirados por ordem do Tribunal Regional Eleitoral, Doria lidera as sondagens com 53% dos votos contra 47% do rival Márcio França (PSB). O estado de São Paulo tem uma população de cerca de 45 milhões de habitantes, mais ou menos um quinto da do Brasil..Além desses milhões nas mãos de um aliado seu, Bolsonaro ainda pode ter um pé em Minas Gerais, o segundo estado mais populoso do país, com 21 milhões de habitantes - um décimo do total. Lá, Romeu Zema, que concorre pelo Partido Novo, também se declarou apoiante do deputado do PSL. E, imagine-se, lançou o slogan "vote Bolsozema". Está a resultar: as sondagens dão-lhe uma percentagem superior a 60%..No Rio de Janeiro, para não variar, o candidato Wilson Witzel, do PSC, partido com conotação evangélica e tão ou mais à direita do que o PSL, gastou 10% do total do custo da campanha para que o motor de busca Google vinculasse o seu nome ao de Bolsonaro, que no entanto se declarou, por ora, neutral no terceiro estado mais populoso do país, com cerca de 17 milhões. Associado ao líder das presidenciais, Witzel, que também defende que a polícia deve atirar para matar, ultrapassa os 55% nas sondagens de opinião..Em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, a influência da onda bolsonarista não para. Das 14 unidades federativas que vão à segunda volta, também em Roraima o candidato que lidera as sondagens, Antônio Denarium, pertence ao mesmo PSL de Bolsonaro. Na Rondónia e em Santa Catarina, além do coronel Rocha e do comandante Moisés, ambos do PSL, também lideram, até os seus opositores declararam apoio a Bolsonaro a nível nacional..O mesmo se passa no Amazonas, no Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Sul: os seis candidatos a governadores que disputam a segunda volta nos três estados são todos eleitores assumidos do capitão do exército na eleição presidencial - concorrendo dois deles pelo PDT de Ciro Gomes, partido que declarou apoio a Fernando Haddad (PT), no país. No Distrito Federal, que não é estado mas é unidade federativa, quem está à frente é um concorrente apoiado pela direção local do PSL..Ou seja, são 10 unidades em 14 a engordar o poder do bolsonarismo no Brasil, a que se juntam, pelo menos, mais três governadores eleitos à primeira volta que declaram voto no capitão. Bolsonaro não é um candidato, é uma onda. Ou um tsunami.
Se Lula da Silva (PT) já não é apenas um mero político mas uma "ideia", como o próprio disse num discurso em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos no dia em que foi preso, Jair Bolsonaro (PSL) também não é apenas um candidato à presidência da República, mas uma "onda" ou um "tsunami". A onda Bolsonaro faz-se sentir em 10 das 13 unidades federativas do Brasil que vão a votos neste domingo. Com destaque para as três mais populosas, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.."A onda Bolsonaro é algo nunca antes visto no país", disse Vinícius Mota, secretário de redação do jornal Folha de S.Paulo, mesmo tendo em conta que o país assistiu à vaga "repentino" de Collor de Mello, em 1989, e à passagem dos furacões eleitorais Fernando Henrique Cardoso, duas vezes eleito à primeira volta, e Lula, o mito da esquerda brasileira.."Houve uma mudança profunda no sentimento do eleitor, que a maior parte dos candidatos, à exceção de Bolsonaro, demorou a perceber", afirma o cientista político André Filipe. Segundo os jornalistas Rudolfo Lago, Germano Oliveira e Wilson Lima, da revista IstoÉ, "até 2014 prevaleceu o voto económico, voltado para temas como o controlo da inflação, do desemprego, da estabilidade e da desigualdade social". "Neste ano, os alicerces do voto em Bolsonaro são o combate à corrupção, o enfrentamento dos problemas da segurança pública e a contestação ao establishment, que faz que o eleitor do candidato do PSL se sinta quase como um revolucionário dos tempos modernos.".Em São Paulo, João Doria, mesmo concorrendo pelo PSDB (o partido de Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin e de outros indecisos na corrida presidencial), afirmou com todas as letras, logo logo no dia em que se apurou para disputar a segunda volta, que apoia Bolsonaro. A vontade de cavalgar a onda é tanta que a sua campanha lançou panfletos a pedir o voto "Bolsodoria" - a sugerir que quem vota no capitão do exército vota por extensão no ex-prefeito de São Paulo..Mesmo com esses panfletos retirados por ordem do Tribunal Regional Eleitoral, Doria lidera as sondagens com 53% dos votos contra 47% do rival Márcio França (PSB). O estado de São Paulo tem uma população de cerca de 45 milhões de habitantes, mais ou menos um quinto da do Brasil..Além desses milhões nas mãos de um aliado seu, Bolsonaro ainda pode ter um pé em Minas Gerais, o segundo estado mais populoso do país, com 21 milhões de habitantes - um décimo do total. Lá, Romeu Zema, que concorre pelo Partido Novo, também se declarou apoiante do deputado do PSL. E, imagine-se, lançou o slogan "vote Bolsozema". Está a resultar: as sondagens dão-lhe uma percentagem superior a 60%..No Rio de Janeiro, para não variar, o candidato Wilson Witzel, do PSC, partido com conotação evangélica e tão ou mais à direita do que o PSL, gastou 10% do total do custo da campanha para que o motor de busca Google vinculasse o seu nome ao de Bolsonaro, que no entanto se declarou, por ora, neutral no terceiro estado mais populoso do país, com cerca de 17 milhões. Associado ao líder das presidenciais, Witzel, que também defende que a polícia deve atirar para matar, ultrapassa os 55% nas sondagens de opinião..Em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, a influência da onda bolsonarista não para. Das 14 unidades federativas que vão à segunda volta, também em Roraima o candidato que lidera as sondagens, Antônio Denarium, pertence ao mesmo PSL de Bolsonaro. Na Rondónia e em Santa Catarina, além do coronel Rocha e do comandante Moisés, ambos do PSL, também lideram, até os seus opositores declararam apoio a Bolsonaro a nível nacional..O mesmo se passa no Amazonas, no Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Sul: os seis candidatos a governadores que disputam a segunda volta nos três estados são todos eleitores assumidos do capitão do exército na eleição presidencial - concorrendo dois deles pelo PDT de Ciro Gomes, partido que declarou apoio a Fernando Haddad (PT), no país. No Distrito Federal, que não é estado mas é unidade federativa, quem está à frente é um concorrente apoiado pela direção local do PSL..Ou seja, são 10 unidades em 14 a engordar o poder do bolsonarismo no Brasil, a que se juntam, pelo menos, mais três governadores eleitos à primeira volta que declaram voto no capitão. Bolsonaro não é um candidato, é uma onda. Ou um tsunami.