Um novo dragão nasceu na Luz e faz esquecer frustrações recentes
O FC Porto apagou neste sábado um início de época frustrante com uma vitória categórica no Estádio da Luz, por 2-0, perante o campeão nacional Benfica, que ainda não tinha perdido nenhum jogo para a I Liga desde que Bruno Lage assumiu o comando técnico da equipa (21 jogos).
E o final de tarde na Luz mostrou, se era preciso, que o que conta no futebol é o momento, a forma como se prepara cada partida e como os jogadores interpretam a estratégia. E foi com todos esses princípios que o FC Porto apresentou uma versão bastante melhorada e muito promissora, tendo como comparação os jogos em que perdeu com o Gil Vicente e o Krasnodar, que ditou a eliminação da Champions.
Sérgio Conceição estudou muito bem a forma de jogar do Benfica e abafou por completo as suas dinâmicas, nomeadamente a ligação entre Pizzi e Rafa Silva e o jogo interior de troca de passes em progressão, que é a imagem de marca da equipa de Bruno Lage.
E como foi possível fazer isso? Com uma pressão no início da construção de jogo dos encarnados a partir da sua defesa e uma superioridade numérica a meio-campo, onde os jogadores se mostraram sempre mais rápidos e mais determinados na luta por cada bola, com grande destaque para Danilo e o menino Romário Baró. Quando ganhava a bola, os dragões lançavam de imediato o ataque, onde o poder físico e a potência de Zé Luís e Marega, auxiliados pela magia de Luis Díaz, foram uma autêntica dor de cabeça.
Os jogadores do Benfica, sem conseguirem fazer três passes seguidos, entravam em desespero e com o passar do tempo acabaram por recorrer aos lançamentos longos para Seferovic e Raúl de Tomás, que foram facilmente anulados por Pepe e Marcano, sempre intratáveis nos duelos com os avançados contrários.
É nesta transformação do FC Porto, que apresentou uma versão com muita qualidade e que promete muito para esta época, que assentou esta vitória indiscutível.
Os dragões até avisaram antes de abrir o marcador, pois foi após um remate de Zé Luís que Vlachodimos defendeu com estilo para canto, que o avançado contratado ao Spartak Moscovo abriu o marcador (22 minutos), aproveitando um mau corte de Ferro, que bateu nas costas de Rúben Dias, e encontrou o avançado sozinho na pequena área para abrir o marcador.
Quando se esperava que o Benfica reagisse à desvantagem, foi o FC Porto a criar mais embaraços à defesa encarnada, com uma sucessão de jogadas perigosas. Quando o árbitro Jorge Sousa apitou para o intervalo, o resultado era justíssimo como provam os zero (!) remates da equipa de Bruno Lage à baliza de Marchesín.
O guarda-redes argentino do FC Porto teve uma impensável tarde descansada no clássico, pois só foi obrigado a uma defesa - muito fácil a remate de Pizzi.
Ao intervalo, Bruno Lage trocou Samaris por Taarabt para que a equipa conseguisse uma condução de bola com mais qualidade e conseguisse chegar com perigo à área contrária, mas nada resultou, pois os jogadores do FC Porto foram sempre mais rápidos sobre a bola.
A segunda parte começa com uma grande defesa de Vlachodimos a remate potente de Luis Díaz, e esse lance terá dado ainda mais confiança à equipa portista, criando ainda mais dúvidas no adversário. Aos 71 minutos, Bruno Lage lançou Chiquinho em vez de Raúl de Tomás, enquanto Sérgio Conceição lançava Otávio e Soares para manter frescura na equipa, fazendo descansar Romário Baró e Zé Luís.
Os dragões estavam confortáveis no jogo e adivinhava-se que num contra-ataque sentenciassem o resultado. Marega começou por perder de forma incrível quando apareceu isolado frente a Vlachodimos, mas à segunda não perdoou, concluindo um excelente passe de Otávio. Isto numa altura em que o Benfica já contava com Chiquinho limitado devido a uma lesão, que o obrigou mesmo a deixar o relvado.
Nos instantes finais, Seferovic ainda fez um golo, mas acabou por ser bem anulado por fora-de-jogo no momento do passe de Pizzi.
O FC Porto deixa a Luz em igualdade pontual com o Benfica (seis pontos), mas sobretudo com uma força extra e uma demonstração de que aquele início de temporada de pesadelo foi apenas um acidente. Quanto ao Benfica, perdeu pela primeira vez no campeonato com Bruno Lage e foi uma uma enorme desilusão... Fica agora a faltar saber como é que a equipa vai reagir a esta autêntica derrocada, sendo certo que na próxima semana tem um jogo complicado em Braga...
Mostrou na Luz por que razão Sérgio Conceição fez tanta questão de que fosse contratado ao Spartak Moscovo. As suas movimentações foram essenciais para que a equipa abrisse espaços na defesa do Benfica, que revelou grande dificuldade na sua marcação. Foi ainda importante na forma como se juntou ao seu meio-campo quando a equipa não tinha a bola. Abriu o marcador numa jogada muito oportuna que o colocou como melhor marcador da I Liga com quatro golos.
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FICHA DO JOGO
Estádio da Luz (62 735 espectadores)
Árbitro: Jorge Sousa (Porto)
BENFICA - Vlachodimos; Nuno Tavares, Rúben Dias, Ferro, Grimaldo; Pizzi, Florentino (Carlos Vinícius, 80'), Samaris (Taarabt, 46'), Rafa Silva; Seferovic, Raúl de Tomás (Chiquinho, 71')
Treinador: Bruno Lage
FC PORTO - Marchesín; Jesús Corona, Pepe, Marcano, Alex Telles; Romário Baró (Otávio, 73'), Mateus Uribe, Danilo Pereira, Luis Díaz (Wilson Manafá, 81'); Marega, Zé Luís (Soares, 74')
Treinador: Sérgio Conceição
Cartão amarelo a Marchesín (41'), Danilo Pereira (65'), Zé Luís (74'), Taarabt (80'), Luis Díaz (81'), Seferovic (83') e Alex Telles (84')
Golos: 0-1, Zé Luís (22'); 0-2, Marega (87')