Os americanos da Rockport querem abrir mais 20 sapatarias na Península Ibérica
A Rockport quer reforçar a sua presença no mercado ibérico. Com 13 lojas em Portugal e seis em Espanha, a marca de calçado clássico que conta com uma grande componente de conforto associado está à venda em mais de 300 espaços multimarca, mas pretende abrir mais 20 lojas próprias, num investimento de cinco a seis milhões de euros. Um projeto que foi posto em pausa por causa da pandemia, mas que deverá ser retomado em 2022.
A comemorar este ano o seu 50º aniversário, os americanos do grupo Rockport, nascidos em Marlborough, Massachesetts, instalaram-se em Portugal no início da década de 90, vendendo para sapatarias e lojas de desporto, para as quais direcionavam as suas linhas desportivas, de sapatos nauticos, e de outdoor, para montanha. A grave crise económico-financeira de 2008/2009 levou à perda de mais de 60% dos clientes da marca e levou os responsáveis da marca em Portugal a sugerirem a criação de uma cadeia de lojas próprias. Uma estratégia que não foi de imediato vista com bons olhos, pelos novos acionista da empresa à data - a Rockport foi comprada em 1986 pela Reebok e esta, duas dezenas de anos depois, foi adquirida pela Adidas -, mas, em 2011, abriu a primeira sapataria Rockport em Portugal, no centro comercial Colombo.
O sucesso foi de tal ordem que a loja do Colombo chegou a ser a que mais pares de sapatos por metros quadrado vendia em todo o mundo, e a Rockport Portugal recebeu luz verde para expandir no retalho. Hoje, a empresa tem 13 lojas em Portugal e seis em Espanha e, até 2109, as vendas do grupo em Portugal cresceram sempre a dois dígitos. Depois veio a pandemia, com o confinamento e as restrições de horários, que tiveram um "impacto brutal", mas vendas da marca. O facto de todas as suas lojas se situarem em centros comerciais não ajudou.
"Em 2020 tivemos quebras da ordem dos 50% e 2021 começou da mesma forma, com um confinamento total. Mas, após a reabertura dos centros comerciais, os resultados têm sido muito encorajadores, e estamos com menos 20% de vendas face a 2019", explica o diretor regional do sul da Europa da Rockport. Alexandre Ferreira lembra que há ainda "muitas restrições" nos horários dos centros comerciais, que têm de fechar às 19h00 ao fim de semana, o que prejudica os resultados dos lojistas.
Sem previsões de quanto tempo mais se manterão estas restrições, Alexandre Ferreira considera ser ainda "muito cedo" para perspetivar a evolução do ano. Mas mostra-se confiante que a base de clientes que criou ao longo de 25 anos em Portugal se "manterá fiel à marca". A generalização do teletrabalho também não tem ajudado.
Mas a pandemia veio também por a nu a fragilidade da aposta da marca só em lojas de centros comerciais, que foram precisamente as mais afetadas pelas restrições impostas pelo Estado. E, por isso, a Rockport admite investir em lojas de rua nas principais cidades, de forma a criar um mix mais equilibrado na oferta. Algo que só acontecerá, seguramente, a partir do próximo ano. A exemplo do restante plano de expansão da marca que, até 2025 pretendia abrir mais 20 lojas na Península Ibérica, mas que, com a pandemia, foi posto em pausa.
"Vamos aguardar para ver como correm as vendas e toda a operação durante este ano. Mas é nossa convição que, em 2022, teremos condições para abrir pelo menos mais duas ou três lojas", admite este responsável. O projeto global de expansão não está, ainda, totalmente avaliado, mas Alexandre Ferreira estima que a abertura de 20 lojas corresponderá sempre a um investimento de, pelo menos, cinco a seis milhões de euros.
E há outro grande projeto que Alexandre Ferreira gostaria de implementar: a etiqueta made in Portugal no calçado Rockport. Desde que integraram o grupo Adidas, os sapatos Rockport passaram a ser produzidos no Extremo Oriente, para aproveitar sinergias, mas Alexandre Ferreira tem esperança que a saída do grupo alemão (a Adidas vendeu a Rockport em 2018 a um fundo de investimento, o Charlesbank Capital Partners) abra espaço para que possam voltar a ser feitos em fábricas portuguesas. Nem que sejam só alguns modelos de nicho. "Eu tenho feito alguma pressão dentro do grupo para que se possam fazer alguns modelos que são relevantes para o mercado ibérico em Portugal, porque produzimos dos melhores, senão os melhores, sapatos do mundo", diz. Alexandre Ferreira acredita num desfecho favorável "a breve trecho", já que permitirá ao grupo ter uma capacidade de resposta "muito mais rápida" às necessidades do mercado, "reduzindo em três ou quatro meses", o tempo de produção e chegada à loja.