A onda da morte veio de noite e sem aviso

A Indonésia está em alerta tsunami até ao dia de Natal e as autoridades põem a hipótese de o número final de vítimas da onda gigante de sábado aumentar.
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Øystein Lund Andersen, um fotógrafo norueguês de 37 anos,esteve todo o sábado na praia a filmar o vulcão Anak Krakatoa. Deu conta disso no Twitter, postando um vídeo da erupção, no meio do mar, e entrevistando um local que lhe diz não ter medo. Quatro horas depois, posta uma frase: "Onda estranha em Anyer [cidade costeira situada em frente ao Krakatoa]. O tuite seguinte é uma foto noturna, confusa, em que se veem carros e pessoas e água: "Há pânico." Logo a seguir, fotografa mulheres locais, que se refugiam em terreno elevado. Depois explica: "Estava a fotografar o Krakatoa quando veio a primeira onda e passou 10 a 15 metros para além da praia. Fui buscar a minha família, e chegou a segunda onda, maior. Estamos em segurança agora. O Krakatoa não estava em erupção quando a onda veio."

A foto seguinte é de uma casa com várias pessoas no alpendre: "Os habitantes de Anyer estão a abrir as portas às pessoas que fugiram das ondas. São muito simpáticos." Depois informa que as autoridades garantem que não se trata de um tsunami, mas ondas de maré, e que já há pelo menos um morto. Algum tempo depois, as autoridades indonésias já admitem ter-se tratado de um tsunami, mas o fotógrafo continua a certificar que o Anak Krakatoa, vulcão que surgiu na cratera de um vulcão maior (o Krakatoa "pai"), responsável em 1883 pela completa destruição da cidade de Anyer, não estava em erupção aquando do tsunami. "Lembro-me de ficar surpreendido por não haver qualquer atividade e por não ver nada. Passados uns minutos, chegou o tsunami."

Até agora, estão 281 mortos confirmados e pelo menos 1016 pessoas ficaram feridas. O motivo do tsunami terá sido um deslizamento de terras subaquático causado pela erupção do Anak Krakatoa, mas ainda não é certo o que sucedeu exatamente, e o erro inicial pode ter determinado a ausência de aviso às populações.

As operações de salvamento ainda decorrem mas há zonas atingidas onde ainda não foi possível chegar. As agências humanitárias internacionais põem a hipótese de que surjam epidemias e que o número de mortos aumente, até porque não está fora de questão que haja mais tsunamis -- o alerta mantém-se até dia de Natal.

A área mais afetada foi a região de Pandeglang, na província de Banten (onde fica a cidade de Anyer), em Java, e o Parque Nacional de Ujung Kulon. Como o tsunami ocorreu de noite, havia pouca gente na praia -- ao contrário do sucedeu no grande tsunami de 16 de dezembro de 2004, que apanhou as praias cheias.

Nacionalidades de vítimas ainda não foram divulgadas

Até ao final de domingo não havia indicação sobre a nacionalidade de mortos e feridos. O governo português já veio certificar não ter conhecimento de vítimas nacionais, mas o secretário de Estado das Comunidades disse à Lusa estar a acompanhar a situação.

O presidente da República enviou uma nota de condolências ao presidente da Indonésia, assim como "uma palavra de solidariedade aos feridos" e manifestando "a disponibilidade portuguesa, no quadro da União Europeia, para o auxílio nas operações de resgate".

Também Eduardo Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, enviou uma nota ao seu homólogo indonésio: "Neste momento de dor para a Indonésia e para o povo indonésio, quero transmitir a Vossa Excelência, em meu nome e em nome da Assembleia da República, o nosso pesar e a mais profunda solidariedade."

Através do ministério dos Negócios Estrangeiros, o governo quis igualmente apresentar condolências às famílias das vítimas do tsunami de sábado na Indonésia, manifestando "total solidariedade com as autoridades e o povo indonésio" e "muita tristeza", referindo a persistência deste tipo de tragédias na região, que "tem infelizmente sido atingido por graves catástrofes naturais".

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