A internet foi das mais admiráveis invenções tecnológicas da história da humanidade, com o seu contributo para a democratização no acesso ao conhecimento e na partilha da informação. A imagem da mensagem na garrafa que navegava pelos mares foi já ironicamente substituída na cabeça de todos pela hashtag # . A comunicação torna-se cada vez mais instantânea, com o chat , as redes sociais e as aplicações, em que o indivíduo consegue partilhar experiências e estados de espírito e projetar aquela identidade com que se sente virtualmente confortável... . Não nos podemos esquecer, porém, de que é verdade que todo este processo de avanço tecnológico acabou por tornar mais prementes algumas vulnerabilidades da nossa sociedade. Uma delas é indubitavelmente o fenómeno das fake news . Ao fascínio da partilha do comentário e da opinião e ao deslumbramento pela selfie não correspondeu uma atitude pedagógica sobre os perigos da desinformação. A notícia e o facto, frequentemente adulterados, passaram a ser propagados sem monitorização e os guardiões tradicionais de verificação da verdade perderam eficácia. . O combate às fake news assume especial importância sobretudo quando falamos da propagação de uma mensagem política num contexto de crescente populismo e nacionalismo. A exposição dos cidadãos à desinformação em larga escala, incluindo informação falsa e enganadora, constitui um dos maiores desafios atuais para a democracia na Europa e no mundo. . A própria União Europeia já se apercebeu de que a democracia precisa de um novo diálogo com as redes sociais e a internet. Com a aproximação das eleições de maio próximo foi delineado um plano de ação que visa precisamente minorar a disseminação e o impacto da desinformação online no espaço europeu. Como potenciar esta atitude pedagógica? Por um processo de articulação entre stakeholders , organizações civis, instituições, meios de comunicação e designers sociais. O que se objetiva é harmonizar a liberdade de expressão e o pluralismo dos meios de comunicação com o direito dos cidadãos a uma informação também ela plural e confiável. Um exemplo mais concreto é a implementação de um sistema de prevenção e alerta que permita combater as fake news , pressionando gigantes tecnológicos como a Google ou o Facebook a remover conteúdo ilegal e enganoso, ou que incite ao ódio e ao extremismo e a apostar no fact-checking certificado. Outro exemplo também é o anúncio recente por parte da rede social Facebook da intenção de suprimir todo e qualquer conteúdo antivacinação. Outros se seguirão. Só através de medidas e normas pedagógicas conjuntas protegeremos os valores democráticos da Europa e o direito de todos à informação saudável. .Deputada do PS