Tillerson, Kelly e Mattis: Trump fica sem a "troika da sanidade"

Com a saída anunciada de Jim Mattis da Secretaria da Defesa, o presidente norte-americano perde o último dos seus generais, já que o chefe de gabinete da Casa Branca sai também no final do ano. Junto com Tillerson eram os homens que protegiam os EUA do caos, segundo um senador republicano.
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No ano passado, segundo a agência norte-americana AP, um senador republicano disse que havia três homens "a proteger os EUA do caos": o secretário de Estado Rex Tillerson, o chefe de gabinete da Casa Branca John Kelly e o secretário da Defesa Jim Mattis. Eram conhecidos em Washington, de acordo com a mesma fonte, como a "troika da sanidade", o "eixo dos adultos" ou o "comité para salvar a América". Mas, a partir de fevereiro, nenhum deles estará já na administração.

O primeiro a sair foi Tillerson, despedido por Trump no final de março de 2018. Entretanto, o presidente anunciou no passado dia 8 que Kelly vai sair no final do ano e, nesta quinta-feira, Mattis apresentou a demissão e disse que sairá em fevereiro. Kelly e Mattis pertenciam ao grupo que o presidente chama de "os meus generais".

Na carta que enviou a Trump, o general Mattis assumiu algumas das divergências que tinha com o presidente, dizendo que Trump "tem o direito a ter um secretário da Defesa cujas visões estão mais bem alinhadas" com as suas no que respeita ao relacionamento com a Rússia ou a China.

A demissão surge depois de Trump anunciar que os EUA vão retirar os últimos dois mil militares que têm na Síria, declarando que a guerra contra o Estado Islâmico no país está ganha. O secretário da Defesa não concorda com a retirada, com Trump parecendo preparar-se para uma jogada semelhante no Afeganistão.

"Acabei de ler a carta de demissão do general Mattis. Deixa claro que estamos a encaminhar-nos para uma série de graves erros políticos que puseram a nossa nação em perigo, prejudicarão as nossas alianças e fortalecerão os nossos adversários. Espero que aqueles que têm apoiado as iniciativas desta Administração nos últimos dois anos possam ser capazes de persuadir o presidente a seguir um caminho diferente. Mas também temos de cumprir o nosso dever constitucional de supervisionar as políticas do poder executivo", escreveu em duas mensagens no Twitter o senador republicano Marco Rubio.

Os "adultos na sala"

"Com exceção de Michael Flynn - um conselheiro de pouca dura que se declarou culpado de mentir ao FBI e que aguarda conhecer a sua sentença - os três outros generais que serviam em vários cargos na administração de Trump eram muitas vezes vistos como os 'adultos na sala'", escreveu a Fortune. Além de Mattis e Kelly, o outro general na administração tinha sucedido precisamente a Flynn como conselheiro de Segurança Nacional: H. R. McMaster saiu em abril de 2018.

"Com a sua disciplina militar e experiência em gerir pessoal e em interagir com os mais altos níveis do governo, eles muitas vezes surgiam em nítido contraste com os multimilionários, bilionários e assessores de campanha que Trump nomeou para a maioria dos outros postos no governo", acrescentava o texto, concluindo: "Em breve, nenhum desses 'adultos' estará presente."

A saída de Mattis, segundo a análise da AP, "marca o fim da fase de 'conter e controlar' da administração Trump - uma em que generais, empresários e republicanos veteranos tiveram dificuldades em guiar o presidente e travar os seus impulsos mais disruptivos". Agora, o círculo interno de Trump é dominado por um pequeno grupo de pessoas leais a Trump, membros da sua família, ex-jornalistas da Fox News e ex-congressistas republicanos que o presidente promoveu. "Para alguns dos mais ardentes apoiantes de Trump, o êxodo deixa o presidente com uma equipa que está mais em linha com as suas promessas de campanha de linha dura", lê-se no texto da AP.

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