Exclusivo Ramalho: cinco décadas de Portugal político
No prefácio à edição de uma antologia de escritos políticos de Ramalho Ortigão, vinda a público neste mês, Viriato Soromenho-Marques escreve sobre os três elementos do que designa como "teoria política" de Ramalho. Ao contrário de Antero de Quental, de Oliveira Martins ou de Eça de Queiroz, precocemente desaparecidos, o olhar de Ramalho abrange meio século da vida política portuguesa, do final da monarquia constitucional ao dealbar da I República. Cabe ao leitor ajuizar sobre os aspetos desta imagem da política nacional que ainda permanecem nos nossos dias.

Grupo Vencidos da Vida. Geração de 70. Eça de Queiroz, Oliveira Martins, Antero de Quental, Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro.
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Ramalho Ortigão (1836-1915) é um dos mais talentosos e plurifacetados representantes das duas ou três dezenas de nomes que constituem o escol cultural e a consciência crítica de Portugal nas últimas quatro décadas do século XIX, entrando já no século XX e nos primeiros anos da República.
Esta edição reúne textos que alcançam, embora com hiatos significativos, cerca de quatro décadas de análise da política nacional. Na riqueza de ângulos de observação e na elegância da escrita, que oscila entre a ironia frontal e a reflexão ensaística, o leitor fica com uma aproximação à diversidade de temas e de interesses que se espelham na obra de Ramalho, distinguida por uma atenção exigente, sem deixar de ser apaixonada, por todas as manifestações - da arte, da cultura, da ciência, dos costumes, das paisagens - de um mundo em aceleração crescente.