Atrasos no concurso não comprometem arranque das obras na Ponte 25 de Abril

Infraestruturas de Portugal garante que o início dos trabalhos não vai sofrer atrasos, apesar de a empreitada de 18 milhões de euros ainda não ter sido adjudicada.
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O prazo para a entrega das propostas para o concurso público de reparação e conservação da Ponte 25 de Abril, em Lisboa, foi adiado duas vezes, mas a Infraestruturas de Portugal garante que a obra, no valor de 18 milhões de euros, deverá arrancar no final de 2018 ou início de 2019, como previsto. "Foram entregues seis propostas no concurso. A adjudicação deverá ocorrer em breve", disse fonte oficial da empresa. Os concorrentes são a Martifer, a Promanec e mais quatro consórcios: Somague/SMM/STAP, Extraco/Alexandre Barbosa Borges, Conduril/Edirio Construções e Teixeira Duarte/SIMI. As propostas estão neste momento em fase de avaliação pelo júri.

O concurso foi lançado no dia 23 de março deste ano, mas a data limite para os interessados entregarem as propostas foi prorrogada nos dias 9 de maio e 8 de junho. Segundo a empresa liderada por António Laranjo, os adiamentos ficaram a dever-se às várias dúvidas que os diferentes interessados foram colocando ao longo do decorrer do concurso. "Houve questões colocadas pelos interessados e muitas visitas técnicas à ponte", disse a mesma fonte. Os adiamentos registados no concurso não irão fazer derrapar o prazo previsto para o início dos trabalhos, garante a Infraestruturas de Portugal. "É expectável que as obras comecem no final deste ano ou no início de 2019, como estava previsto."

A empresa lembra, no entanto, que a consignação da empreitada só será feita depois da autorização do Tribunal de Contas, que terá de dar o seu aval ao contrato que venha a ser celebrado com o vencedor do concurso público.

Entretanto, a 27 de julho, a Infraestruturas de Portugal adjudicou ao Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ) um contrato de 2,1 milhões de euros para prestação de serviços integrados de inspeção, operação e manutenção de equipamentos na Ponte 25 de Abril válido para o triénio 2018-2020.

Obras urgentes

As obras na Ponte 25 de Abril têm duração prevista de dois anos e vão obrigar a cortes de trânsito. Para a empresa pública responsável pela conservação das redes rodoviária e ferroviária nacionais, trata-se de uma intervenção normal, mas foram detetadas fissuras na ponte. Um relatório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) divulgado em março pela revista Visão defendia obras urgentes. O documento terá sido entregue ao governo em fevereiro e alertava que, sem obras, seria necessário restringir o tráfego de pesados e de comboios de mercadorias na ponte.

Segundo a Visão, o Ministério do Planeamento e das Infraestruturas aguardava há seis meses que as Finanças libertassem as verbas necessárias para as reparações. O ministério de Mário Centeno garantiu na altura que não existia qualquer processo a aguardar a autorização para a ponte 25 de Abril. Após a notícia da Visão, o governo disponibilizou uma verba de 18 milhões de euros para a reparação daquela infraestrutura.

Numa audição no Parlamento no dia 16 de maio, o presidente da Infraestruturas de Portugal garantiu que a Ponte 25 de Abril é a "mais segura" do país. António Laranjo, ouvido na comissão parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas, afirmou que "a Ponte 25 de Abril é a obra de arte mais segura da rede". "É utilizada por cerca de cem milhões de passageiros, ou seja, cerca de dez vezes a população de Portugal. Aquela que mais intervenções sofreu nos últimos anos, não só no alargamento que sofreu entre 1995 e 1999 mas também para o caminho-de-ferro", afirmou.

A concessão da Ponte 25 de Abril está a cargo da Lusoponte, que tem como acionistas a portuguesa Mota-Engil e a francesa Vinci, com 38% e 37% do capital, respetivamente, seguida da italiana Atlantia, com 17,5%. Recentemente, a Teixeira Duarte acordou a venda dos seus 7,5% à China Construction.

Cerca de 300 mil pessoas atravessam diariamente a Ponte 25 de Abril por via rodoviária e ferroviária. A estrutura, que liga Lisboa a Almada, tem 52 anos e foi construída por ordem de Salazar. Quando foi inaugurada, a 6 de agosto de 1966, era a maior estrutura metálica suspensa da Europa e a quinta maior do mundo. As duas torres principais elevam-se a 190 metros acima do nível da água e o tabuleiro a 70 metros. A obra custou cerca de dez milhões de euros, excluindo o ajuste à inflação.

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