Portugueses investem 560 milhões nos certificados do Estado

As famílias encaram os certificados estatais como um refúgio para guardar as poupanças em plena crise económica.
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A crise provocada pelas medidas do Governo no âmbito da epidemia do novo coronavírus fez acelerar a procura por produtos de poupança estatais. A tendência de as famílias se refugiarem nos certificados de aforro e nos certificados do Tesouro como instrumento de poupança já se verificava em 2019. Mas a crise fez que os portugueses reforçassem a aposta nos certificados estatais.

Desde o início de 2020, e até outubro, as famílias aplicaram 559 milhões de euros neste tipo de instrumento de poupança. No caso dos certificados do Tesouro, atraíram 390 milhões de euros, fixando o saldo total em 17.439 milhões. Já os certificados de aforro engordaram em 169 milhões de euros. Os portugueses têm agora 12.189 milhões de euros aplicados neste tipo de certificados.

Só em outubro, as famílias colocaram 88 milhões de euros em certificados estatais, dos quais 72 milhões de euros nos do Tesouro e 16 milhões nos de aforro.

Para António Ribeiro, economista da Deco Proteste, a aposta dos portugueses nos certificados do Estado acelera por falta de alternativas seguras para acumular poupança. Com os depósitos bancários a remunerar a 0% ou próximo desse valor, os certificados estatais surgem como uma alternativa segura para as famílias. "Os certificados têm sido o refúgio dos portugueses", disse o economista. "Este cenário deve manter-se para o futuro", adiantou.

Para António Ribeiro, a aposta em certificados estatais é uma opção acertada dado o ambiente de taxas de juro negativas. Frisou que os certificados de aforro têm uma taxa-base de 0,5% líquida. Os certificados do Tesouro poupança crescimento têm juros pagos anualmente a uma taxa crescente, que oscila entre os 0,75% e 2,25% brutos. Em termos líquidos significa uma rendibilidade anual entre 0,5% e 1,0%. O prazo máximo é de sete anos e a partir do segundo ano poderá ter um prémio em função da taxa de crescimento do produto interno bruto. Mantendo durante a maturidade, garante um rendimento anual líquido de 1%. "Estes são os veículos que os portugueses devem aproveitar", disse António Ribeiro. "Vamos ver se o IGCP não muda as regras dos produtos, por isso é aproveitar", avisou.

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