Antecipar para não ficar com o "menino nas mãos"

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A bomba-relógio que são as moratórias começa a preocupar cada vez mais os banqueiros e as empresas. O ressurgimento da vitalidade da economia vai demorar.

A área do turismo, uma das que mais sofrem com a pandemia, já veio a público pedir para se prolongar as moratórias até ao mês de dezembro. Sem ilusões, é melhor encarar a realidade como ela é. 2021 será um ano perdido para o setor e, antes que a situação se agudize ainda mais, é preferível antecipar medidas e assumi-las já.

Mesmo que o verão reanime ligeiramente o tecido económico, o calendário é como o algodão, não engana. A data marcada para o fim das moratórias de crédito é setembro de 2021. O adiamento das prestações de empréstimos, alargado pelo menos até ao final do ano, não terá apenas efeitos positivos nas empresas deste setor, mas na própria banca que não quer, nem pode, ficar com "o menino nas mãos".

Voltemos ao setor do turismo. "Está paralisado há um ano e precisa de medidas que garantam a continuidade da atividade das empresas. O prolongamento das moratórias, pelo menos até ao final de 2021, é uma dessas medidas. Manter as moratórias vai permitir a solvabilidade das empresas até que a situação do país estabilize e mantê-las até à retoma económica", afirmou Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal, em declarações ao Dinheiro Vivo, caderno de economia que acompanha esta edição do Diário de Notícias.

A hotelaria, em particular, lembra que as linhas de apoio à economia criadas pelo governo não são a fundo perdido, mas empréstimos que vão ter de ser pagos, mais cedo ou mais tarde. Sem retoma de atividade à vista, não haverá liquidez para suportar tais encargos, alertam os donos dos hotéis. Planear soluções duradouras é preciso. Se juntarmos a esses compromissos também os pagamentos devidos aos fornecedores e ao fisco, a depressão instala-se. Manter a capacidade instalada, como defende o governo, vai exigir novos apoios, redesenhados e redimensionados para o tamanho do brutal impacto económico da terceira vaga de covid-19 e deste novo confinamento.

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