A frase calorosa é do primeiro-ministro António Costa, na visita oficial a Angola. Foi recebido com pompa e circunstância, por oito ministros e pelo governador do banco central e com honras de parada militar. Em África a simbologia desta grande receção foi marcante e é verdadeiramente importante. Angola demonstrou, para dentro e para fora, que Portugal continua a ser um parceiro importante. Ontem, o encontro previsto com João Lourenço foi igualmente simbólico e relevante para o futuro desta aliança estratégica.."O passado ficou no museu e é no futuro que temos de estar focados." Não poderia estar mais de acordo com esta segunda frase de António Costa. As empresas, regra geral, também estão de olhos postos no que aí vem e em como se pode melhorar a relação destes países irmãos. Apesar de toda a simbologia, o chefe do executivo português não pode nunca esquecer-se de que aquilo que preocupa verdadeiramente as empresas lusitanas são as dívidas que continuam por resolver..Com a crise económica, consequência da descida abrupta do preço do barril de petróleo, muitas faturas ficaram por liquidar junto de entidades portuguesas. Os gestores e empreendedores nacionais são pacientes e resilientes, como bem sabemos - e muitos merecem um louvor por isso. Uma boa parte aguentou a pancada com honra e boa atitude. Mas a boa vontade não chega para dirimir todos os problemas e os pagamentos, sendo o aumento da liquidez do mercado das divisas determinante para reaquecer este namoro entre as duas economias..Ontem, porém, uma declaração deixou os empresários portugueses um pouco preocupados. O ministro das Finanças de Angola, Archer Mangueira, disse na abertura do Fórum Económico Portugal-Angola, em Luanda, que o montante das dívidas de entidades angolanas a empresas portuguesas ronda os cem mil milhões de kwanzas, ou seja, pouco mais de 300 milhões de euros. "São dívidas que não constam do nosso sistema integrado de gestão de dívida e precisam de verificação e reconhecimento", afirmou. Nas vésperas da visita oficial de António Costa a Angola, fonte do governo tinha revelado que o montante global dos pagamentos em atraso às empresas portuguesas se fixava "entre os 400 e os 500 milhões de euros"..O ministro angolano das Finanças disse também que, quanto às dívidas que "não precisam de ser reconhecidas" e que "constam do sistema", devem situar-se nos 30 mil milhões de kwanzas - cerca de 90 milhões de euros à taxa de câmbio atual. Perante muitos empresários portugueses, Archer Mangueira adiantou ainda que a intenção do governo angolano é "fechar o processo de reconhecimento e certificação até novembro", sublinhando, no entanto, que a negociação sobre a regularização das dívidas será feita de forma individual com cada uma das empresas..À hora a que escrevo esta crónica, a visita oficial prossegue. A ver vamos como se conclui e qual a tónica geral que marcará este encontro, há tanto tempo desejado e tão necessário.
A frase calorosa é do primeiro-ministro António Costa, na visita oficial a Angola. Foi recebido com pompa e circunstância, por oito ministros e pelo governador do banco central e com honras de parada militar. Em África a simbologia desta grande receção foi marcante e é verdadeiramente importante. Angola demonstrou, para dentro e para fora, que Portugal continua a ser um parceiro importante. Ontem, o encontro previsto com João Lourenço foi igualmente simbólico e relevante para o futuro desta aliança estratégica.."O passado ficou no museu e é no futuro que temos de estar focados." Não poderia estar mais de acordo com esta segunda frase de António Costa. As empresas, regra geral, também estão de olhos postos no que aí vem e em como se pode melhorar a relação destes países irmãos. Apesar de toda a simbologia, o chefe do executivo português não pode nunca esquecer-se de que aquilo que preocupa verdadeiramente as empresas lusitanas são as dívidas que continuam por resolver..Com a crise económica, consequência da descida abrupta do preço do barril de petróleo, muitas faturas ficaram por liquidar junto de entidades portuguesas. Os gestores e empreendedores nacionais são pacientes e resilientes, como bem sabemos - e muitos merecem um louvor por isso. Uma boa parte aguentou a pancada com honra e boa atitude. Mas a boa vontade não chega para dirimir todos os problemas e os pagamentos, sendo o aumento da liquidez do mercado das divisas determinante para reaquecer este namoro entre as duas economias..Ontem, porém, uma declaração deixou os empresários portugueses um pouco preocupados. O ministro das Finanças de Angola, Archer Mangueira, disse na abertura do Fórum Económico Portugal-Angola, em Luanda, que o montante das dívidas de entidades angolanas a empresas portuguesas ronda os cem mil milhões de kwanzas, ou seja, pouco mais de 300 milhões de euros. "São dívidas que não constam do nosso sistema integrado de gestão de dívida e precisam de verificação e reconhecimento", afirmou. Nas vésperas da visita oficial de António Costa a Angola, fonte do governo tinha revelado que o montante global dos pagamentos em atraso às empresas portuguesas se fixava "entre os 400 e os 500 milhões de euros"..O ministro angolano das Finanças disse também que, quanto às dívidas que "não precisam de ser reconhecidas" e que "constam do sistema", devem situar-se nos 30 mil milhões de kwanzas - cerca de 90 milhões de euros à taxa de câmbio atual. Perante muitos empresários portugueses, Archer Mangueira adiantou ainda que a intenção do governo angolano é "fechar o processo de reconhecimento e certificação até novembro", sublinhando, no entanto, que a negociação sobre a regularização das dívidas será feita de forma individual com cada uma das empresas..À hora a que escrevo esta crónica, a visita oficial prossegue. A ver vamos como se conclui e qual a tónica geral que marcará este encontro, há tanto tempo desejado e tão necessário.