Vacinas e emoções na montanha-russa
O melhor presente que poderíamos dar hoje, Dia do Pai, a todos os pais seria uma vacina para a covid-19. Proteger os mais velhos e os doentes de risco é a nossa responsabilidade social. Depois de muita polémica relacionada com o uso abusivo da vacina, seguida de outra polémica ainda maior sobre os efeitos secundários da vacina da AstraZeneca, ontem ao final da tarde começaram a surgir notícias de que essa dose afinal é "segura, eficaz e não é responsável por coágulos no sangue", afiançou a Agência Europeia de Medicamentos.
O Comité de Avaliação dos Riscos em Farmacovigilância disse que chegou a uma clara conclusão na investigação dos casos de coágulos sanguíneos: "Esta é uma vacina segura e eficaz", declarou a diretora executiva EMA, Emer Cooke. Itália e Espanha optaram, de imediato, por retomar a vacinação fornecida por esta farmacêutica e na segunda-feira a mesma também regressa a Portugal.
Estas notícias não evitaram, porém, que, nos últimos dias, pais e avós, a quem já tinha sido administrada uma dose proveniente desta multinacional, tenham sofrido de angústia e ataques de ansiedade, temendo os efeitos tromboembólicos que foram sendo relatados pela Europa fora, levando à suspensão da vacina em 20 países, incluindo Portugal.
O capital da confiança quebrou-se e não se restabelece de um dia para o outro. Até porque a mesma Agência disse que "ainda não podemos descartar definitivamente a ligação entre estes casos [de coágulos no sangue] e a vacina" da AstraZeneca. Justifica-se que a EMA continue, portanto, a fazer estudos e a investigar a fundo os efeitos da vacina do conglomerado farmacêutico anglo-sueco. A empresa apela ao sentido vigilante das pessoas para que reportem efeitos secundários. A EMA diz que "os riscos são inferiores aos benefícios."
Há um ano que vivemos numa montanha-russa emocional: ora se festeja a chegada das vacinas, ora se entristece porque estas afinal vão chegar atrasadas; ora se celebra a vacinação dos idosos, ora se aflige com os efeitos secundários. Toda esta insegurança e incerteza deixará marcas na nossa sociedade, nos nossos avós, pais e filhos. Averiguar, apurar, examinar e informar são verbos essenciais para a retoma da confiança.