Cimeira sem acordo, mas: "Está a correr muito bem". Impasse não é problema para chanceler austríaco
Pelo segundo dia consecutivo líderes europeus não coneguem atingir um compromisso relativamente ao mecanismo de resposta à crise gerada pela pandemia. Mas há quem esteja otimista.

O chanceler austríaco Sebastian mostra-se satisfeito com o andamento das negociações, apesar de ao fim de dois dias de cimeira não existir um acordo à vista.
© EPA/CHRISTIAN BRUNA
O chenceler austríaco, Sebastian Kurz, mostrou-se este sábado à noite satisfeito com o andamento das negociações, apesar de ao fim de dois dias de cimeira não haver um acordo à vista.
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Numa breve declaração aos jornalistas, Kurz descreveu o ambiente de "intensas negociações", a correr "como o esperado", embora esteja a ser "uma luta difícil". Ainda não há acordo, "mas há um movimento na direção certa e esse é o aspecto mais importante", frisou.
"A direção certa para nós: a nova proposta para Quadro Financeiro Plurianual foi ligeiramente reduzida [em relação à proposta de fevereiro] e há um desconto maior para a Áustria" [da sua contribuição nacional para o orçamento comunitário]. "Isso já é muito bom, mas ainda queremos mais, é claro, afirmou o chanceler, que ontem defendeu cortes, nos montantes destinados aos subsídios a fundo perdido.
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O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel avançou esta tarde com uma proposta de corte deste fundo de 500 mil milhões, podendo reforçar parte do montante global a que os Estados podem aceder em forma de dívida, com evidente impacto nos envelopes nacionais, que não agradou ao primeiro ministro italiano.
Esta noite, Giuseppe Conte veio dizer que não está de acordo, lamentando estar perante "um impasse muito mais difícil do que o esperado". Depois de um jantar de trabalho, os 27 não conseguiram chegar a bom porto, e o presidente do conselho europeu, Charles Michel voltou a interromper os trabalhos, que deverão ser retomados amanhã ao meio dia, menos uma hora em Lisboa.
As discussões voltarão a incidir no fundo de recuperação, sobre o qual, "ainda existem muitas perguntas em aberto", afirma o chanceler austríaco, com a certeza "de que o volume será reduzido, também no que diz respeito às subvenções".
"Ainda estamos a discutir como garantir que o dinheiro seja usado com o objetivo correto: promover o progresso ecológico e digital e as reformas necessárias, em alguns estados membros, para aumentar a competitividade. Quanto à questão do Estado de direito, a Hungria e a Polônia têm uma posição muito clara, que não é compartilhada pela Áustria. Nesse aspecto, ainda não há avanço", afirmou.
Para o primeiro ministro italiano, Giuseppe Conte, o trabalho deste domingo, para vários primeiros-ministros, incluindo o português, é tentar convencer o chamado grupo dos frugais - Holanda, Áustria, Dinamarca e Suécia, que defendem menos dinheiro para o Fundo de Recuperação, de que a manutenção dos montantes, é importante para toda a Europa.
"Todos devem entender que não é só a Itália que beneficia, não é apenas Espanha, ou Portugal, - que são os países mais afetados e menos resilientes - mas sim toda a Europa", afirmou, lembrando que a União Europeia é "uma economia integrada, em que todos devemos recuperar, e recomeçar juntos, ainda mais competitivos e mais resistentes, para competir no espaço global com a China e os Estados Unidos".
Porém, neste momento todos os dossiers estão em aberto, incluindo o dos montantes do fundo de recuperação da economia europeia. E, ao fim de dois dias de cimeira, o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte é o primeiro governante a assumir que as negociações chegaram a uma encruzilhada, da qual os 27 não conseguem sair.
"Estamos num impasse que está a mostrar-se muito complicado, mais complicado do que o esperado. Há muitas questões que ainda estamos a discutir que não conseguimos resolver", firmou o primeiro-ministro italiano, confirmando que o único ponto que estava encerrado, é agora objecto de discussão sem acordo.
"Muitos Estados, ou na verdade, até são poucos, estão a questionar a quantidade de subsídios", confirmou Giuseppe Conte, a referir-se ao montante de 500 mil milhões de euros que deveria ser atribuído em subvenções a fundo perdido, que já foi posto em causa pelo chanceler austríaco, Sebastian Kurz.
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